POR: dandara fonseca
imagens: arquivo pessoal

Atriz, escritora, ativista
e dona de outros tantos
predicados, Tathi Piancastelli
trabalha para desmistificar
preconceitos e estimular
a inclusão de pessoas
com síndrome de Down

Ser diferente
é normal

Tathi Piancastelli gosta
de fazer de tudo um pouco,
mas foi no teatro que sua
história começou. Após anos
de aulas e espetáculos, em
2016 ela lançou a primeira
peça de sua autoria
Em “A Menina dos Meus
Olhos”, que já tem data
para virar filme, a atriz
vive a protagonista Bella
e expressa seus pensamentos
em relação à discriminação
e o preconceito
O espetáculo foi apresentado
em um evento da UNICEF em
Nova York à convite da ONU
e fez com que Tathi se
tornasse a primeira pessoa
com síndrome de Down a
escrever e protagonizar
uma peça profissional
Suas experiências pessoais
também inspiraram sua
segunda obra, batizada
de Oi, eu estou aqui.
É uma performance solo
sobre vivências, como ir
morar sozinha, se formar,
casar, explica 
A peça faz parte de um
projeto homônimo que
transforma performances,
artes itinerantes e até
intercâmbios em ferramentas
de inclusão
Quero mostrar que nós,
pessoas com deficiência,
sabemos e queremos estar
em diversas áreas das
artes, inclusive da
atuação, diz

Em 2018, sua história foi
parar nos gibis. Ela serviu
de inspiração para o cartunista
Mauricio de Sousa criar a primeira
personagem da Turma da Mônica
com síndrome de Down, batizada
de Tati – sem o H

“A Tati representa inclusão
não apenas para as crianças,
mas para a sociedade”, afirma ela,
que acredita que o preconceito tem
que ser combatido desde a escola.
“A diversidade é melhor para todos”

Em 2020, a artista também
virou enredo de Carnaval
e foi parar no sambódromo
homenageada pela Escola
de Samba Unidos do Alvorada
de Manaus. “Foi muito emocionante”, lembra

No mesmo ano, se lançou como
empreendedora com o e-book
Manual para os Desavisados,
que fala da síndrome de Down
a partir de seu jeito leve
de enxergar a vida

Ela também usa as redes
sociais e o YouTube
para compartilhar suas
experiências e desmistificar
estereótipos em torno das
pessoas com deficiência
Ainda existe muito
preconceito no dia
a dia. Quero mostrar
que é preciso e importante
respeitar a individualidade
de cada um e incluir todos
na sociedade”
Uma das ideias que a
influenciadora deseja
desmentir com suas postagens
é que pessoas com síndrome
de Down sempre dependem
de outras pessoas
Tem pais e mães que
superprotegem os filhos
com deficiência, mas não
acho que é bom. Hoje,
por exemplo, moro sem
meus pais, e tenho
minha independência”
Ao lado do noivo, o
escritor e palestrante
Vinicius Streda, Tathi
também tenta derrubar
os tabus em relação ao
amor entre pessoas com
síndrome de Down 
Nosso relacionamento tem
regras e particularidades
como qualquer outro,
explica Tathi, que brinca
que ela e Vinícius formam
o Casal 21, em referência
ao número do cromossomo
correspondente à síndrome
Mas não há preconceito
que limite os seus sonhos.
Sempre falo que ninguém
breca. Se eu quiser parar,
eu paro, mas eu não quero
ser impedida. Na minha
cabeça, vou sempre
em frente”

é outra
conversa.