A paulista Sonja Ashauer foi a primeira mulher a conquistar um título de doutorado em Física no Brasil e uma das primeiras da Universidade de Cambridge a se formar nessa área
Pioneira da Física no país, Sonja nasceu em abril de 1923. Filha de imigrantes alemães, sempre foi estimulada a estudar e incentivada a fazer descobertas
Nas vésperas de seu aniversário de 17 anos, em 1940, Sonja ingressou na Seção de Física na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), atual Universidade de São Paulo (USP)
O número de mulheres na Física sempre foi muito baixo. Em 2022, elas representam apenas 20% dos estudantes nessa área. No topo da carreira, esse número não chega a 4%. Mas Sonja rompeu barreiras
Em 1936, antes de entrar na faculdade, ela calculou o coeficiente de absorção de radiação para o efeito fotoelétrico em dois estudos de caso envolvendo fótons absorvidos por um elétron ligado – ou não – a um núcleo
Os cálculos de Sonja são importantes para nos informar sobre a segurança de equipamentos que emitem radiação, como, por exemplo, os equipamentos médicos
Marcelo Dammy, físico e responsável pela instalação do primeiro reator nuclear no Brasil, disse: “Sonja foi uma das melhores estudantes do curso e possui grande entendimento dos problemas da Física”
Em 1945, a cientista recebeu uma bolsa do British Council para estudar na Universidade de Cambridge sob a supervisão do célebre físico, teórico e Nobel inglês Paul Dirac
Entre 1947 e 1949, Sonja publicou 3 trabalhos sobre um dos temas mais estudados da época: a radiação de um elétron em movimento, resolvido de forma relativista
Seus trabalhos estão relacionados ao efeito fotoelétrico, que é aplicado de forma prática em placas fotovoltaicas, televisões de LCD e plasma, iluminação urbana, etc
No auge de uma carreira brilhante, Sonja faleceu em 21 de agosto de 1948, aos 25 anos, por broncopneumonia, miocardite e colapso cardíaco. Mas até hoje seu legado segue inspirando muitas cientistas brasileiras