Isolamento, camisa de força, eletrochoques e lobotomias eram tratamentos comuns para pessoas com transtornos mentais até a primeira metade do século 20
Ao se deparar com esse cenário, a alagoana Nise Magalhães da Silveira decidiu trabalhar para que esses pacientes tivessem um tratamento humanizado
Única mulher em uma turma de 157 formandos da Faculdade de Medicina da Bahia, Nise tornou-se psiquiatra no Rio de Janeiro e, em 1944, entrou para o corpo clínico do Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no bairro de Engenho de Dentro
Ela foi contratada para trabalhar na seção de terapia ocupacional, que era menosprezada pelos profissionais da época e contava com poucos recursos
Enquanto se opunha aos métodos violentos aplicados pelos colegas, Nise passou a testar terapias baseadas em atividades artísticas
Ela criou ateliês de pintura e modelagem para que os pacientes pudessem se expressar livremente e lidar com questões psíquicas profundas
“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade”
Além da melhora no comportamento, os internos produziram obras de arte que ganharam projeção internacional
Em 1952, Nise fundou no local o Museu de Imagens do Inconsciente, um centro de preservação do acervo e pesquisa sobre as imagens produzidas nos ateliês
Dois anos depois, a psiquiatra fundou a Casa das Palmeiras, primeira clínica brasileira dedicada ao tratamento em saúde mental sem ser em regime de internação
O trabalho e sensibilidade de Nise da Silveira inspiraram a criação de museus, centros culturais e instituições psiquiátricas pelo mundo
Ela é considerada um expoente da luta antimanicomial e inspirou novas políticas públicas e práticas terapêuticas no Brasil
“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade”