POR: CAROL anchieta

Maria
Firmina
dos Reis

mulher foda

apresentar uma

deixa eu te

ilustrações: Heloisa Hariadne
/ EDITORA antofágica
Quase três décadas antes
da abolição, decretada em 1888,
uma maranhense desafiava todos
os preconceitos para lançar o
primeiro livro brasileiro que se
posicionava contra a escravidão
“Úrsula”, publicado por
Maria Firmina dos Reis em 1859,
também foi o primeiro romance
brasileiro de autoria afro
descendente e um dos primeiros
livros escritos por uma mulher
Nascida em São Luís no ano
de 1822, ela desenvolveu o
gosto pela escrita logo cedo,
aos oito anos, incentivada
pela mãe e pelo primo Sotero
dos Reis, um conhecido
gramático da época
Foi assim que Firmina se
tornou a primeira mulher a
ser aprovada em um concurso
público no Maranhão para o
cargo de professora, passando
a sustentar-se sozinha com o
salário que ganhava – o que era
tão incomum quanto mal visto
Ser pioneira sempre foi parte
de sua história. Ela também
foi a fundadora da primeira
escola mista para meninos e
meninas. Um escândalo para
a época, o projeto não
chegou a durar três anos
Mas foi o respeito conquistado
por sua trajetória que abriu
espaço para Firmina lançar
“Úrsula”, em tempos em que
era praticamente impossível
para uma mulher expor sua
opinião contra a escravidão –
especialmente uma mulher negra
Apesar da sua grande contribuição
para a literatura e para o
movimento abolicionista, Maria
Firmina dos Reis faleceu pobre
e cega em 1917, e as informações
sobre ela ainda são fragmentos
resgatados por pesquisadores
Esquecida por décadas, sua obra
só foi recuperada em 1962 pelo
historiador paraibano Horácio
de Almeida em um sebo no Rio de
Janeiro – e até hoje seu rosto
verdadeiro é desconhecido
Apesar da invisibilização,
sua luta pelo conhecimento
e pela humanização de pessoas
negras marcaram para sempre seu
lugar na história brasileira
“Troco escravidão por
liberdade, por ampla
liberdade!” escreveu
em Úrsula“
maria firmina
dos reis

1822 – 1917

é outra
conversa.