A educadora Ivana Jauregui reflete sobre o que é “mimar” e como isso pode criar adultos cada vez mais individualistas
Qual o limite entre cuidar e mimar uma criança?
Quais as consequências de mimar demais uma criança? Por que é tão difícil dizer 'não' e estabelecer limites aos filhos?
Estas são algumas reflexões propostas por Ivana Jauregui, que é educadora há 15 anos e toca uma escola infantil no interior da Bahia
A partir de sua experiência observando o comportamento das crianças, ela defende que aquelas que são mais mimadas pelos pais têm dificuldades de socialização
“Elas são incapazes de abrir mão da sua vontade, do seu desejo, pelo coletivo” diz ela, em um vídeo postado em seu perfil no Instagram
“Quando falo em mimar, não é sobre amor, carinho e acolhimento, que qualquer criança precisa. É sobre fazer todas as vontades do filho”, esclarece
“Elas se tornam incapazes de se modificar pelo outro e se sentem agredidas quando o outro não se modifica por elas porque sentem que não estão sendo amadas”
Ivana pontua que não se trata de culpabilizar mães e pais, mas de ter consciência sobre atitudes que, muitas vezes, são entendidas como demonstrações de afeto
“Educar é realmente difícil e dói ver um filho ou filha passando por frustrações. Mas tentar evitar que eles tenham sentimentos negativos não os prepara para as adversidades da vida”
Para ela, a dificuldade em estabelecer limites vem de uma tentativa de “compensar” a educação mais rígida do passado e a culpa pela falta de tempo para os filhos
“Muitos pais e mães de hoje são fruto de uma educação patriarcal, autoritária. Frases como ‘vou dar tudo que não tive para o meu filho’ ou ‘vou fazer diferente do que meus pais fizeram’ são comuns”
“O filho não é uma vingança das dores dos pais. Ele é criado por outras pessoas, em outra época, tem outras necessidades”
“Também existe uma compensação da culpa que muitas mães e pais sentem por estarem o dia inteiro fora, trabalhando. Ao chegar em casa, muitos não querem lidar com as reações da criança, brigar, então, acham que atender às vontades é demonstrar amor”, conclui