POR: carol ito
imagens: reprodução

A educadora Ivana Jauregui
reflete sobre o que é “mimar”
e como isso pode criar adultos
cada vez mais individualistas

Qual o limite
entre cuidar
e mimar uma
criança?

Quais as consequências de
mimar demais uma criança? Por
que é tão difícil dizer 'não' e
estabelecer limites aos filhos? 
Estas são algumas reflexões
propostas por Ivana Jauregui,
que é educadora há 15 anos
e toca uma escola infantil
no interior da Bahia
A partir de sua experiência
observando o comportamento das
crianças, ela defende que
aquelas que são mais mimadas
pelos pais têm dificuldades
de socialização
“Elas são incapazes de abrir
mão da sua vontade, do seu
desejo, pelo coletivo” diz
ela, em um vídeo postado em
seu perfil no Instagram
“Quando falo em mimar,
não é sobre amor, carinho e
acolhimento, que qualquer
criança precisa. É sobre
fazer todas as vontades
do filho”, esclarece
“Elas se tornam incapazes
de se modificar pelo outro
e se sentem agredidas quando
o outro não se modifica por
elas porque sentem que não
estão sendo amadas”
Ivana pontua que não se
trata de culpabilizar mães e
pais, mas de ter consciência
sobre atitudes que, muitas
vezes, são entendidas como
demonstrações de afeto
“Educar é realmente difícil
e dói ver um filho ou filha
passando por frustrações.
Mas tentar evitar que eles
tenham sentimentos negativos
não os prepara para as
adversidades da vida”
Para ela, a dificuldade em
estabelecer limites vem de
uma tentativa de “compensar”
a educação mais rígida do
passado e a culpa pela falta
de tempo para os filhos
“Muitos pais e mães de hoje
são fruto de uma educação
patriarcal, autoritária. Frases
como ‘vou dar tudo que não
tive para o meu filho’ ou ‘vou
fazer diferente do que meus
pais fizeram’ são comuns”
“O filho não é uma vingança
das dores dos pais. Ele é
criado por outras pessoas,
em outra época, tem
outras necessidades”
“Também existe uma
compensação da culpa que
muitas mães e pais sentem
por estarem o dia inteiro fora,
trabalhando. Ao chegar em
casa, muitos não querem
lidar com as reações da
criança, brigar, então, acham
que atender às vontades é
demonstrar amor”, conclui

é outra
conversa.