O órgão com mais terminações nervosas do corpo é um dos menores e também o menos estudado pela medicina
Prazer, clitóris
“Pequeno órgão erétil do aparelho genital feminino, situado na porção anterior da vulva, que se projeta entre os pequenos lábios, e é composto de uma glande, um corpo e dois pedúnculos”
Essa é a definição da palavra clitóris no dicionário, onde foi registrada pela primeira vez em 1789. Na internet, já encontraram um significado mais preciso:
“Melhor parte para se lamber”
A verdade é que nem a etimologia, nem a ciência, tampouco as religiões ficam muito à vontade com o clitóris. E isso se reflete diretamente em como as mulheres gozam. Ou deixam de gozar
Selecionamos algumas curiosidades sobre a parte menos estudada – e também a mais crucificada – da anatomia feminina. Se liga:
Clitóris na fogueira
“Na época da caça às bruxas, um clitóris grande era considerado uma marca do Diabo”, ensina o documentário “Clitóris, prazer proibido”, uma coprodução de França e Grã-Bretanha
“Diziam que a masturbação causava cegueira ou até morte prematura. Falava-se que a excitação sexual destruía o equilíbrio mental das mulheres e culpavam o clitóris por acionar esse prazer maldito”
Pontinho nervoso
“O clitóris é a única parte do corpo cuja função exclusiva é proporcionar prazer”, escreve Natalie Angier, autora de Mulher: Uma geografia íntima. “Ele é o órgão com mais terminações nervosas”
“No total, são 8 mil na ponta de sua pequena cabeça. No pênis, são 4 ou 6 mil. Já a vagina quase não tem terminações nervosas. Ela é feita pra ser relativamente inerte justamente por causa do parto”
Ponto G ou ponto Ghost?
“O estudo do clitóris sempre foi dominado por fatores sociais”, diz Helen O’Connell, urologista australiana que, literalmente, dissecou os órgãos sexuais femininos
Ela é categórica quanto ao ponto G: “Nas dissecações não encontramos nada que seja equivalente ao ponto descrito por Ernst Gräfenberg. O orgasmo feminino está sempre relacionado ao clitóris”
Livrai-nos de todo mal
Em 1865, o presidente da Sociedade Inglesa de Medicina disse que o clitóris era o responsável pela histeria, epilepsia e muitas formas de loucura. Ele propunha sua retirada para sanar o mal
Felizmente, foi considerado louco por seus colegas de profissão e afastado da medicina. Mesmo assim, seu método não sumiu completamente e muitas mulheres continuaram sendo mutiladas até os anos 1920
Pega no meu itil
A palavra clitóris vem do grego kleitoris, e quer dizer “chave”. O curioso é que sua escrita e pronúncia são parecidas em muitos países
É clitoride, em italiano. Klitori, em checo, dinamarquês, finlandês, norueguês, alemão, entre outras línguas. As que soam um pouco diferente: kelentit, em indonésio, e itil, em islandês
Amor, acende a luz?
Em português o clitóris tem poucos apelidos, pito é um deles. Enquanto isso suas vizinhas vulva e vagina têm centenas!
O organizador do dicionário Houaiss, Antônio Houaiss, avaliou em texto de 1985 que falta um vocábulo popular próprio e universal para clitóris. Segundo ele, acaba-se recorrendo a metáforas como botão
Chupa, pinto!
Ele não envelhece nem enfraquece. Enquanto a mulher vai ficando mais velha, a sensibilidade do clitóris permanece a mesma
E se mantém assim para o resto da vida. Então, a capacidade de atingir um orgasmo não tem idade para acabar. Viagra, pra quê?