Fotos e vídeos: Lucca Messer

No projeto Transo, o
documentarista Lucca Messer
quer quebrar os tabus em
torno da sexualidade das
pessoas com deficiência

Pessoas com
deficiência
também transam

Desejos, posições sexuais,
vibradores, relacionamento
aberto… Todo assunto quente
é pauta para as discussões
do projeto Transo
A diferença é que essa
conversa rola entre pessoas que
precisam lutar para não terem
seus corpos infantilizados
e privados da sexualidade
Quando começou a pesquisar
sobre a vida sexual das
pessoas com deficiência, o
documentarista Lucca Messer
percebeu que quase não havia
produções sobre o assunto
Ele se juntou à atriz Mona
Rikumbi, primeira cadeirante
negra a atuar no Theatro
Municipal de São Paulo, para
retratar a pluralidade dos
desejos e quebrar os tabus
capacitistas em torno do sexo
A deficiência nunca foi
um obstáculo para uma vida
sexual ativa. Pra mim, sexo
não pode ser tabu!, diz a
paratleta Nilda Martins, uma
das participantes do projeto
Aos 63 anos, tenho
um peguete que conheci
em um aplicativo de
relacionamentos. Gosto
de sex toys, inclusive
Uso o vibrador com
e sem o parceiro“
É bom a um, a dois, sozinha,
do jeito que a pessoa quiser,
não tem regra. Eu não
enxergo, então o sexo é
totalmente sensorial. Ou
seja, é uma delícia!“
Para a massoterapeuta Zilda
Gonçalves, sexo é saúde,
é vida, e é pra todo mundo: 
Mesmo depois do acidente,
eu ainda sinto desejo de
uma pessoa para fazer sexo,
para me tocar, para me
acariciar, conta Ana Maria
Noberto, que também divide
sua experiência no filme
Esses desejos nunca sumiram,
mas as pessoas não chegam
em mim achando que eu já
não gosto mais de tudo isso“
O capacitismo faz com que
nossos corpos sejam vistos
como corpos infantis,
concorda o modelo e
ativista Daniel Massafera
Os nossos desejos são
invisibilizados, nossos corpos
não vistos como corpos
ativos. Isso precisa mudar,
pois nós transamos
– com certeza!“
A falta de acessibilidade
que tanto limita o cotidiano
de pessoas com deficiência
também pode atrapalhar
na hora do sexo
A pessoa que quiser me
levar para o motel não vai
conseguir, pois faltam motéis
acessíveis. Nesse caso, tenho
que trazer a pessoa para
a minha casa? E se eu não
quiser? O nosso sexo acaba
sendo mais arriscado,
conta a ativista Flávia Diniz
Em 2022, o projeto Transo vai
se desdobrar em um documentário
e numa plataforma para ampliar
o debate sobre a vida sexual
da pessoa com deficiência
Falar de sexo também é
falar de política, integração
social e autonomia, afirma
Lucca Messer

é outra
conversa.