Natural de Araxá, em Minas Gerais, Lorrane Silva sempre foi uma criança bem-humorada. Ela gostava de chamar atenção e fazia das festas de família palco para seus shows de stand-up
“Sempre fui comunicativa. Quando conhecia pessoas novas, elas já tinham a visão de que a minha condição física não iria atrapalhar em nada da nossa amizade”, diz
Lorrane nasceu com uma síndrome rara que causou o encurtamento dos membros. Ela fez cinco cirurgias e depois da última, aos 11 anos, não conseguiu mais andar sem o apoio de muletas
“Foi um processo bem difícil, mas não me fez ser uma pessoa diferente. Eu sempre fui bem acolhida, principalmente pelos meus pais, que nunca tiveram vergonha de sair comigo, de me expor”
2015
A mineira decidiu levar todo seu bom humor para a internet. Criou um canal no YouTube, que batizou de Pequena Lo, para falar de forma leve sobre assuntos como bullying e preconceito
2016
Os vídeos que postava dançando no Instagram renderam um convite para se apresentar na abertura das Paralimpíadas. Entre cadeirantes e pessoas sem deficiência, Lorrane era a única de muletas
2017
Ela bem que tentou deixar a internet para se dedicar exclusivamente ao curso de psicologia, mas os fãs reclamaram. “Meus seguidores me cobravam para voltar, mas eu ainda estava encontrando o formato certo”
Em 2018, Lorrane voltou para as redes sociais produzindo vídeos curtos sobre assuntos atuais. Mas foi ao entrar no TikTok, no ano seguinte, que seus conteúdos viralizaram
Em menos de um ano, ela conquistou quase três milhões de seguidores no TikTok e dois milhões no Instagram com vídeos que retratam principalmente situações cotidianas e momentos que viveu na infância
“Desde criança eu tinha o sonho de levar o humor para milhares de pessoas, mas não imaginava que seria nessa proporção. Acho que o que faz os meus vídeos viralizarem é a identificação que eles geram”
Lorrane, que faz parte de uma onda de humoristas que encontraram no TikTok uma oportunidade para entrar nesse universo, sabe da importância do que representa como mulher e pessoa com deficiência
“Muitos PCDs falam que estão felizes por eu estar levando a mensagem de que nós podemos frequentar os lugares que quisermos, que a gente consegue, é capaz”
“Quando posto um vídeo falando sobre festa, por exemplo, ao mesmo tempo em que eu levo o humor, retrato ali que nós, deficientes, também frequentamos esses lugares”, completa
Lorrane, que se formou em psicologia, conta que quer atuar na área, ainda que já use o que aprendeu todos os dias – seja em seus vídeos ou para lidar com os haters na internet
“Ainda quero fazer teatro, ir para a televisão e ter o meu próprio talk show. Um programa da Pequena Lo”