Por: Dandara Fonseca
Imagens: Camila Cornelsen/ divulgação 

Pelas lentes
de Camila
Cornelsen

A diretora de fotografia
mistura o analógico com
o digital em seus trabalhos
autorais e quer fazer do
audiovisual um espaço
menos masculino

Camila Cornelsen começou
a fotografar em 2001, ainda
na faculdade e, depois
de alguns anos viajando
em turnês com sua banda
Copacabana Club, decidiu
se dedicar ao audiovisual

Fez retratos de moda,
videoclipes e resolveu
se aventurar por projetos
autorais. Durante seis anos,
ela construiu a série de
nus “X Real”, registrando
mulheres em suas casas

“O mais interessante do
projeto era o imediatismo.
Além de me conectar com
essas mulheres e deixá-las
confortáveis, eu tinha
que achar uma boa luz,
bons enquadramentos, uma
beleza rápida”, conta 

Além de trabalhos para
marcas como Nike, Google
e Apple, ela assinou a
direção de fotografia do
filme “Meu Nome é Bagdá”
(2019), de Caru Alves de
Souza, premiado no Festival
de Cinema de Berlim

Para Camila, tanto seus
projetos autorais quanto
comerciais têm um fio
condutor: “Tento sempre dar
maior dignidade à riqueza
das pessoas, representá-las
de uma forma que sejam enaltecidas”

Apaixonada por câmeras analógicas, ela brinca
com a mistura entre novo
e antigo reconstruindo
essas fotografias no
ambiente digital. “Faço
uso da tecnologia, mas
há todo um trabalho
manual por trás”

Outro elemento que aparece
em seus trabalhos são as
colagens, inspiradas em
seu cotidiano. “Tento
trazer um pouco do café
que eu tomo, do livro
que li, de uma música
que gosto”, diz

Em quase uma década
trabalhando com audiovisual,
a diretora de fotografia
percebeu a falta de espaço
para mulheres nesta área
ainda tão masculina 

“Quando comecei, muitas
vezes nem conseguia acessar
os sets de filmagem”, diz.
“Hoje, as marcas até
procuram profissionais
mulheres, mas ainda existem
temas que não somos nem
cogitadas para dirigir”

Camila faz parte do Coletivo
de Mulheres e Pessoas
Transgênero do Departamento
de Fotografia do Brasil,
grupo que tem como objetivo
mapear as mulheres que estão
na área do audiovisual
e dar maior visibilidade
aos seus trabalhos

A rotina nos sets foi
abalada pelo isolamento
social imposto pelo
coronavírus, mas isso fez
com que ela se propusesse
novos desafios

“É difícil de descrever
só em imagens os tantos
sentimentos desse período.
Então resolvi utilizar
também as palavras”,
conta ela, que começou
a produzir animações
em forma de gifs

Aos textos em movimento
Camila combinou imagens
tiradas de sua janela,
forma como a qual a
diretora acredita que
muitas pessoas viram os
meses de isolamento passar

“Foi interessante perceber
não só que as pessoas se
viam e se identificavam
com aquelas palavras,
mas também as adaptavam
para seu universo”, conta

A maioria das animações
produzidas por Camila
pode ser usada nos
stories do Instagram.
É só procurar seu nome
na parte chamada “GIPHY”

é outra
conversa.