Paola Carosella:
la cocinera

Por: Natacha Cortêz Foto: Nino Andrés/ Trip

Foto: Nino Andrés/ Trip

Foto: arquivo pessoal/ divulgação

Foto: Nino Andrés/ Trip

Foto: Jason Lowe/ divulgação

Foto: Nino Andrés/ Trip

Foto: arquivo pessoal/ divulgação

Foto: Carol Gherardi/ Band/ divulgação

Foto: Nino Andrés/ Trip

Foto: Jason Lowe/ divulgação

Paola Carosella:
la cocinera

A chef argentina fala
sobre suas origens,
carreira, machismo
na cozinha e MasterChef

Quem vê o brilho nos olhos de
Paola Carosella ao falar sobre
gastronomia não imagina que
a escolha do seu ofício foi,
na verdade, uma saída para
um tremendo vazio emocional

Na década de 80, aos 11 anos,
ela passava tardes solitárias
em um pequeno apartamento
em Buenos Aires enquanto sua
mãe, Irma, se dividia entre
dois empregos e a faculdade

Anos antes, Irma havia sido sequestrada durante a ditadura,
o que deixou ecos de medo em
Paola. Para não sentir tanto
a espera, a menina começou a
imitar receitas que via, veja
só, em um programa de TV

A cada minuto de atraso,
me faltava o ar. Eu ficava
sentada no chão, com um
olho na mesa posta e
outro na porta”, lembra

“

A argentina não sabe ao certo
se um dia fez planos de ser
cozinheira – ela gosta de ser
chamada assim, e não de chef.
Mas, ao terminar a escola,
disse à sua mãe que essa
seria sua profissão

Nessa época não existia
isso de uma menina de
classe média na cozinha,
era um espaço de homens de
baixo nível social. Mas eu
queria estar ali: pelas
pessoas, pelo movimento,
pelos cheiros”, diz

“

Há quase 30 anos, seu lar
passou a ser a cozinha de
restaurantes em cidades
como Buenos Aires, Paris,
Nova York e São Paulo,
onde mora desde 2001

Paola acredita que tudo
o que viveu quando criança
ajudou em sua carreira:

As dificuldades da
infância me ensinaram
a lidar com frustrações
e a não sair correndo
quando alguém quisesse
me assustar”

“

Apesar do posicionamento firme
da cozinheira afastar muitos
assédios nestes ambientes
ainda majoritariamente
masculinos, ela se lembra
de alguns episódios

Certa vez, um cozinheiro
não gostou de uma correção
que fiz, me pegou na saída
da cozinha, colocou uma
faca na minha garganta e
disse: ‘Se você continuar
dizendo o que devo fazer,
te corto a jugular’”

“

Paola gosta de chamar o
MasterChef de “talent show”,
ao invés de reality show,
porque acredita que, mais que
entretenimento, o programa
pode mudar a percepção dos
brasileiros sobre alimentação

O MasterChef lembra da
conexão entre o alimento
e o animal, fala de desperdício, da importância
dos ingredientes frescos
e da simplicidade”, afirma

“

No comando dos restaurantes
Arturito e La Guapa, à
frente de projetos sociais
gastronômicos e uma das
chefs mais conhecidas do
país, Paola ainda não se
deu por satisfeita

Quero chegar em muitos
lugares. À boa carne,
ao orgânico acessível,
ao incentivo do governo
ao pequeno produtor”, diz

“

Agora, quero olhar
pra trás: ter certeza
de onde vem tudo aquilo
que consumo”

“

é outra
conversa.

Paola Carosella:la cocinera

A chef argentina falasobre suas origens,carreira, machismona cozinha e MasterChef

Quem vê o brilho nos olhos dePaola Carosella ao falar sobregastronomia não imagina quea escolha do seu ofício foi,na verdade, uma saída paraum tremendo vazio emocional

Na década de 80, aos 11 anos,ela passava tardes solitáriasem um pequeno apartamentoem Buenos Aires enquanto suamãe, Irma, se dividia entredois empregos e a faculdade

Anos antes, Irma havia sido sequestrada durante a ditadura,o que deixou ecos de medo emPaola. Para não sentir tantoa espera, a menina começou aimitar receitas que via, vejasó, em um programa de TV

A cada minuto de atraso,me faltava o ar. Eu ficavasentada no chão, com umolho na mesa posta eoutro na porta”, lembra

“

A argentina não sabe ao certose um dia fez planos de sercozinheira – ela gosta de serchamada assim, e não de chef.Mas, ao terminar a escola,disse à sua mãe que essaseria sua profissão

Nessa época não existiaisso de uma menina declasse média na cozinha,era um espaço de homens debaixo nível social. Mas euqueria estar ali: pelaspessoas, pelo movimento,pelos cheiros”, diz

“

Há quase 30 anos, seu larpassou a ser a cozinha derestaurantes em cidadescomo Buenos Aires, Paris,Nova York e São Paulo,onde mora desde 2001

Paola acredita que tudoo que viveu quando criançaajudou em sua carreira: As dificuldades dainfância me ensinarama lidar com frustraçõese a não sair correndoquando alguém quisesseme assustar”

“

Apesar do posicionamento firmeda cozinheira afastar muitosassédios nestes ambientesainda majoritariamentemasculinos, ela se lembrade alguns episódios

Certa vez, um cozinheironão gostou de uma correçãoque fiz, me pegou na saídada cozinha, colocou umafaca na minha garganta edisse: ‘Se você continuardizendo o que devo fazer,te corto a jugular’”

“

Paola gosta de chamar oMasterChef de “talent show”,ao invés de reality show,porque acredita que, mais queentretenimento, o programapode mudar a percepção dosbrasileiros sobre alimentação

O MasterChef lembra daconexão entre o alimentoe o animal, fala de desperdício, da importânciados ingredientes frescose da simplicidade”, afirma

“

No comando dos restaurantesArturito e La Guapa, àfrente de projetos sociaisgastronômicos e uma daschefs mais conhecidas dopaís, Paola ainda não sedeu por satisfeita

Quero chegar em muitoslugares. À boa carne,ao orgânico acessível,ao incentivo do governoao pequeno produtor”, diz

“

Agora, quero olharpra trás: ter certezade onde vem tudo aquiloque consumo”

“

é outraconversa.

Paola Carosella:
la cocinera

A chef argentina fala
sobre suas origens,
carreira, machismo
na cozinha e MasterChef

Quem vê o brilho nos olhos de
Paola Carosella ao falar sobre
gastronomia não imagina que
a escolha do seu ofício foi,
na verdade, uma saída para
um tremendo vazio emocional

Na década de 80, aos 11 anos,
ela passava tardes solitárias
em um pequeno apartamento
em Buenos Aires enquanto sua
mãe, Irma, se dividia entre
dois empregos e a faculdade

Anos antes, Irma havia sido sequestrada durante a ditadura,
o que deixou ecos de medo em
Paola. Para não sentir tanto
a espera, a menina começou a
imitar receitas que via, veja
só, em um programa de TV

A cada minuto de atraso,
me faltava o ar. Eu ficava
sentada no chão, com um
olho na mesa posta e
outro na porta”, lembra

A argentina não sabe ao certo
se um dia fez planos de ser
cozinheira – ela gosta de ser
chamada assim, e não de chef.
Mas, ao terminar a escola,
disse à sua mãe que essa
seria sua profissão

Nessa época não existia
isso de uma menina de
classe média na cozinha,
era um espaço de homens de
baixo nível social. Mas eu
queria estar ali: pelas
pessoas, pelo movimento,
pelos cheiros”, diz

Há quase 30 anos, seu lar
passou a ser a cozinha de
restaurantes em cidades
como Buenos Aires, Paris,
Nova York e São Paulo,
onde mora desde 2001

Paola acredita que tudo
o que viveu quando criança
ajudou em sua carreira:

As dificuldades da
infância me ensinaram
a lidar com frustrações
e a não sair correndo
quando alguém quisesse
me assustar”

Apesar do posicionamento firme
da cozinheira afastar muitos
assédios nestes ambientes
ainda majoritariamente
masculinos, ela se lembra
de alguns episódios

Certa vez, um cozinheiro
não gostou de uma correção
que fiz, me pegou na saída
da cozinha, colocou uma
faca na minha garganta e
disse: ‘Se você continuar
dizendo o que devo fazer,
te corto a jugular’”

Paola gosta de chamar o
MasterChef de “talent show”,
ao invés de reality show,
porque acredita que, mais que
entretenimento, o programa
pode mudar a percepção dos
brasileiros sobre alimentação

O MasterChef lembra da
conexão entre o alimento
e o animal, fala de desperdício, da importância
dos ingredientes frescos
e da simplicidade”, afirma

No comando dos restaurantes
Arturito e La Guapa, à
frente de projetos sociais
gastronômicos e uma das
chefs mais conhecidas do
país, Paola ainda não se
deu por satisfeita

Quero chegar em muitos
lugares. À boa carne,
ao orgânico acessível,
ao incentivo do governo
ao pequeno produtor”, diz

Agora, quero olhar
pra trás: ter certeza
de onde vem tudo aquilo
que consumo”

é outra
conversa.