POR: Cleyton Santanna

O coletivo de passistas
homenageado pelo Salgueiro
no Carnaval de 2022 questiona
os preconceitos em torno desse
posto e reflete sobre potência
artística e protagonismo de
mulheres negras

Samba
pretinha

Para muitos, ser passista
numa escola de samba significa
contribuir para a sexualização do
corpo feminino. Mas a discussão
não se limita a este lugar
Dentro da cultura das
escolas de samba, a passista
é reconhecida como aquela que,
além de melhor desenvolver a
dança, tem a função de defender
o pavilhão, levar consigo sua
comunidade e conquistar a
simpatia e admiração do público
No dia a dia das escolas
elas ainda são referência
de segurança, autoestima e
potência para outras mulheres
E foi para romper com a visão
única e limitadora do papel
da passista, potencializando
a corporeidade e refletindo
os protagonismos de mulheres
negras, que em 2016 nasceu
o coletivo Samba Pretinha
O projeto itinerante
foi criado por Larissa Neves,
Rafaela Afradique, Mirna Moreira
e Sabrina Ginga, todas passistas
do Acadêmicos do Salgueiro
Nós montamos rodas de
conversas falando sobre
racismo, machismo,
hiperssexualização e outros
assuntos, e com o tempo
começamos a falar também
do lugar da passista,
conta Larissa
Além de amplificar as
narrativas sobre o lugar
da mulher no samba, a falta
de legitimação da potência
artística deste posto também
entra nos debates – que já
rolaram em quadras de escolas
de samba e costumam contar
com convidados
Em 2022, o projeto ganha uma
homenagem no desfile do Salgueiro,
que entra na Sapucaí para falar
sobre resistência com uma ala
batizada “Samba das Pretinhas”,
com as quatro idealizadoras
como destaques

é outra
conversa.