Niède Guidon fez história ao reescrever a pré-história. A arqueóloga luta para resgatar do abismo um dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo
Sua pesquisa iniciada nos anos 70 deu nova direção a tudo que se sabia sobre a ocupação da América do Sul
Foto: arquivo pessoal
A imagem da arqueóloga franco brasileira, que nasceu em 1933 em Jaú, interior de São Paulo, é há décadas indissociável das pinturas rupestres localizadas no Estado do Piauí, onde fica o Parque Nacional da Serra da Capivara
O Parque tem a maior e mais antiga concentração de vestígios pré-históricos das Américas e foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1991
Niède descobriu em 1963 a existência das pinturas que mudariam sua vida e a fariam trocar os arredores de Paris por São Raimundo Nonato, no Piauí
A teoria mais difundida até então era de que os primeiros humanos teriam chegado ao continente americano por volta de 12 mil anos atrás. A arqueóloga encontrou, porém, vestígios de utensílios utilizados por caçadores há mais de 100 mil anos
“Somente agora nos Estados Unidos encontraram registros mais antigos do que os nossos. Aqui, estamos na base dos 160 mil Anos. Lá, eles já têm um sítio com mais de 240 mil”, disse Niède à Trip, em 2018
Quando desembarcou na região, não havia nenhuma estrutura onde hoje existe um rico ambiente científico, em grande parte por conta de sua dedicação
Foto: arquivo pessoal
“Em São Raimundo Nonato nós temos laboratórios de nível internacional, profissionais que foram formados por nós”, orgulha-se a arqueóloga
O aeroporto e o hotel da cidade também estão na conta do ativismo da pesquisadora, nas tentativas de explorar o potencial turístico
Em 2007, ela foi homenageada pelo Prêmio Trip Transformadores por sua contribuição à ciência e à preservação do tesouro arqueológico brasileiro
Pensando na proteção do nosso patrimônio, Niède Guidon usa a pré-história para reescrever o presente e melhorar o teto que abrigará nossos netos no futuro