São inúmeras as questões que movem a vida e o trabalho da antropóloga paulista. As mesmas, inclusive, que fazem você e suas amigas conversarem horas a fio: casamento, desejo, traição, inveja, celulite, filhos... E esse foi o papo que ela bateu com a Tpm em 2011
Entrevista por Ariane Abdallah
(baú)
Mirian Goldenberg
foto: Leandro Pagliaro / editora Trip
Mirian Goldenberg quer nada menos do que “a liberdade de Simone de Beauvoir e a felicidade de Leila Diniz”. Estudiosa do comportamento há mais de três décadas, o que mais a intriga é a insatisfação com a qual a mulher brasileira convive
foto: arquivo pessoal
“O que falta para sentirmos o poder subjetivo que já temos em casa, no trabalho, em relação ao corpo? As mulheres continuam focando no que falta, esperando os homens corresponderem às suas demandas e preocupadas com a opinião dos outros”
foto: arquivo pessoal
A partir de seus estudos e de um mergulho na própria história, a antropóloga explica por que ser mulher é tão complicado – e prova que dá para ser bem mais simples: “Às vezes a gente acha que está fazendo uma escolha, mas é a cultura dentro de nós escolhendo”
foto: arquivo pessoal
“Quero que cada mulher seja livre para fazer escolhas. Se quiser casar, trabalhar, cuidar do marido, do filho, do corpo, é uma decisão. Mas, se não quiser fazer tudo, que possa optar com a mesma legitimidade, sem que ninguém fique falando: ‘Coitadinha, vai ter uma velhice solitária’”
foto: arquivo pessoal
Criada em uma família conflituosa, ela não cultiva amarguras. “Fiz a opção por ter uma vida prazerosa, de realizações. Não sou 100% feliz, tenho uma tristeza permanente. Mas até agradeço essa tristeza, porque consegui, apesar disso – ou por causa disso –, ter a vida que escolhi”
foto: Leandro Pagliaro / editora Trip
“Tenho desconfiança quando os homens ficam falando que as mulheres deveriam ser mais leves... O que é ser leve? Lógico que quero rir mais, ser mais feliz, me divertir, que quero uma relação sem brigas. Se isso é ser leve, ótimo“
foto: arquivo pessoal
“Mas se ser leve é aquela pessoa sempre sorridente, que não desafia, que não quer uma relação instigante, aí nunca vou ser leve”
foto: arquivo pessoal
“Invejo mulheres que são muito seguras, confiantes, do tipo: ‘Eu sou o máximo, e quem gostar de mim, gostou, quem não gostar, problema dela’. Agora, pode ter o corpo mais perfeito do mundo, não invejo. Se ela tem isso para que o outro aprove, porque está insegura, não invejo”
foto: alex batista / editora trip
Em suas pesquisas sobre infidelidade, Mirian ouviu que muitos homens traem porque precisam de aventura e conquista ou porque estão em crise pessoal. “E as mulheres traem por causa das faltas. Falta de amor, de atenção, de escuta, de intimidade…”
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”Pode ser só uma ilusão, mas acho os homens mais racionais, se desligam mais facilmente de um amor quando termina. As mulheres que pesquiso invejam nos homens principalmente a liberdade e fazer xixi em pé. Quando perguntei para os homens o que invejam nas mulheres, eles disseram: ‘Nada’”
foto: arquivo pessoal
“No Brasil, a partir dos 30 e poucos anos, a mulher é rotulada, já é etiquetada de velha. Quando fiz 40, fui num dermatologista que falou: ‘Vamos puxar aqui, esticar ali’. Fiquei em crise um ano. Mas decidi não fazer nenhuma interferência e foi ótimo”
