Reportagem: Natacha Cortêz e Bianka Vieira

Apelidado de Michael Douglas
ou Madonna, o MDMA pode ser muito
mais perigoso para as mulheres.
Uma pesquisa provou que estamos
de duas a três vezes mais
propensas a procurar tratamento
de emergência depois do uso
do psicotrópico

MDMA E MULHERES:
O RISCO
ALÉM DA ONDA

No ano de 2016, a imprensa
britânica deu atenção às mortes
de dez jovens mulheres na
Inglaterra. Em comum, todas
tinham usado pílulas de ecstasy
ou pó de MDMA horas antes de dar
entrada em salas de emergência
Apesar dos registros mostrarem
que existem mais mulheres
morrendo após o consumo da droga
que homens, o impacto do MDMA
em nosso corpo é um tema
pouquíssimo investigado porque
ainda existe a ideia de que
droga é “coisa de homem”
O levantamento sobre o uso
de drogas Global Drug Survey,
aplicado entre novembro de 2015
e janeiro de 2016 em 25 países, foi
ao encontro dos casos britânicos:
mulheres são de duas a três vezes
mais propensas a procurar
tratamento de emergência depois
do uso do psicotrópico
O MDMA faz com que o corpo
retenha mais água. Para as mulheres, o estrogênio (hormônio
responsável pelo controle
da ovulação e desenvolvimento
de características femininas)
seria então uma espécie
de fator de risco, prejudicando
a capacidade das células
de liberar água
Em hipóteses extremas, há risco
de hiponatremia, um desequilíbrio
da concentração de sódio
e potássio que pode levar
a inchaços cerebrais fatais.
Edema, por exemplo. Essa foi
a teoria mais ouvida
de especialistas
Enquanto verdades absolutas
faltam, há guias de uso espalhados
pela internet – pesquisadores
preferem chamá-los de “manuais
para redução de danos” – que
indicam a melhor forma de tomar
MDMA, além de sites em que
é possível comprar reagentes para
testar o produto que adquiriu
A lógica por trás desses manuais
é a de que a ilegalidade não
protege o consumidor e que,
então, mostrar como se deve usar
a substância seria uma forma
de educar uma população refém
da ignorância
- Nunca tomar uma dose inteira!
Esperar o efeito por pelo
menos uma hora
- Combinar com remédios controlados,
como antidepressivos e ansiolíticos
- Beber água demais: 250 ml
por hora é o suficiente.
Isotônicos também são uma boa
- Misturar MDMA com qualquer outra
substância psicotrópica, mesmo
álcool (alou desidratação!)
Eduardo Schenberg, doutor
em neurociências pela USP,
e a psicológa Maria Angélica Comis
prepararam uma lista com algumas
coisas que você nunca deve fazer
em relação ao uso do MDMA:

é outra
conversa.