Principal voz de Cabo Verde,
a cantora traduz em música
a potência e a sensualidade
de ser uma mulher africana
de seu tempo

Por: Nathalia Zaccaro
Foto: Autumn Sonnichsen

Mayra Andrade

"Existe uma noção de
uma África ancestral,
que obviamente existiu,
mas que não parou aí.
Minhas raízes são também
de um continente urbano,
moderno e complexo”,
diz Mayra Andrade

Foto: Autumn Sonnichsen

Aos 6 anos, deixou sua
terra natal e foi viver
no Senegal, onde seu
padrasto era embaixador.
Dois anos depois, a
família se mudou para
Luanda e Mayra conviveu
de perto com a guerra
civil angolana

Foto: Acervo pessoal

Ela nasceu em 1985,
quando Cabo Verde
celebrava dez anos de
independência. “Cresci
rodeada por esse amor
ao país, lembrando dos
sacrifícios da geração
dos meus pais para
que fôssemos um
povo independente”

Foto: Acervo pessoal

De volta a Cabo Verde, aos
14, ela já sabia que queria
cantar e começou a cavar seu
espaço na cena local até que,
aos 17, venceu um concurso
e descolou uma bolsa para
estudar música em Paris

Video: Reprodução Youtube

Mayra já dominava
o francês por conta
dos anos no Senegal,
tinha algumas composições
próprias e transbordava
vontade de fazer sua
carreira acontecer

Foto: Autumn Sonnichsen

Apresentou-se na noite,
estudou, fez contatos
e, aos 20, assinou
com a gravadora Sony.
Nos 14 anos que viveu
na capital francesa,
lançou seus quatro
primeiros discos

Video: Reprodução Youtube

Sucesso de público
e crítica, ela foi convidada
para gravar com um dos
maiores ícones da música
francesa, Charles Aznavour

Foto: Acervo pessoal

Antes dos 30,
Mayra Andrade já
era a cantora
cabo-verdiana mais
popular de sua geração

Video: Reprodução Youtube

Em Paris, o processo
de entender mais
profundamente sua
identidade, tanto musical
quanto pessoal, não foi
fácil. “Entre os 27
e os 30 anos vivi uma
crise gigantesca", conta

Video: Reprodução Youtube

“Foram muitas
páginas viradas
e isso é doloroso.
Passou por tudo:
pela direção para
onde eu levava minha música, o fim de um
casamento, a relação
com a cidade”

Foto: Autumn Sonnichsen

Paris já não acolhia mais
as ambições de Mayra. “Eu
era vista como um ‘produto
exótico’. Achavam legal
que eu existisse, mas não
me entendiam totalmente,
ou não queriam entender"

Video: Reprodução Youtube

Em 2016, ela se mudou
para Lisboa. “Aos 30,
a mulher ganha uma
consciência brutal
da sua força. Nunca
me senti tão bonita,
poderosa, livre.
E isso é uma conquista"

Foto: Autumn Sonnichsen

"Tive que defender meu
percurso, minha forma
de ver o meu corpo,
minha pessoa, minha
vida, minha música,
decidir como eu quero
estar nesse mundo”

Foto: Autumn Sonnichsen

Mayra se misturou com
músicos de origens
diversas e passou a fazer
parte da cena conhecida
como “Nova Lisboa”,
marcada pela mescla
de sons eletrônicos
e contemporâneos
a tradições regionais

Video: Reprodução Youtube

O caldeirão cultural em que
mergulhou chamou atenção
de uma ilustre moradora de
Lisboa, Madonna. A americana
elogiou a cantora no Instagram
depois de vê-la dando uma
canja em uma casa noturna

Video: Reprodução Instagram

Mayra tem também muita
intimidade com a música
brasileira. A africana
já gravou e se apresentou
com Chico Buarque,
Lenine, Dominguinhos,
Gilberto Gil e outros
gigantes da MPB

Foto: Acervo Pessoal

Duas composições de
Caetano Veloso estão
enraizadas em suas
memórias mais antigas:
“Leãozinho” e “Tigresa”

Foto: Acervo Pessoal

“Lembro de cantar
essas desde de
bem pequenininha.
E é engraçado porque
‘Tigresa’ é super
a Mayra de agora”

Foto: Autumn Sonnichsen

Mayra é, como a tigresa
de Caetano, uma beleza
que simplesmente
aconteceu, sendo
o que quer, inventando
um lugar, sendo feliz
e, antes de tudo,
sendo mulher

Foto: Autumn Sonnichsen

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