Principal voz de Cabo Verde, a cantora traduz em música a potência e a sensualidade de ser uma mulher africana de seu tempo
Por: Nathalia Zaccaro Foto: Autumn Sonnichsen
Mayra Andrade
"Existe uma noção de uma África ancestral, que obviamente existiu, mas que não parou aí. Minhas raízes são também de um continente urbano, moderno e complexo”, diz Mayra Andrade
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Aos 6 anos, deixou sua terra natal e foi viver no Senegal, onde seu padrasto era embaixador. Dois anos depois, a família se mudou para Luanda e Mayra conviveu de perto com a guerra civil angolana
Foto: Acervo pessoal
Ela nasceu em 1985, quando Cabo Verde celebrava dez anos de independência. “Cresci rodeada por esse amor ao país, lembrando dos sacrifícios da geração dos meus pais para que fôssemos um povo independente”
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De volta a Cabo Verde, aos 14, ela já sabia que queria cantar e começou a cavar seu espaço na cena local até que, aos 17, venceu um concurso e descolou uma bolsa para estudar música em Paris
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Mayra já dominava o francês por conta dos anos no Senegal, tinha algumas composições próprias e transbordava vontade de fazer sua carreira acontecer
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Apresentou-se na noite, estudou, fez contatos e, aos 20, assinou com a gravadora Sony. Nos 14 anos que viveu na capital francesa, lançou seus quatro primeiros discos
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Sucesso de público e crítica, ela foi convidada para gravar com um dos maiores ícones da música francesa, Charles Aznavour
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Antes dos 30, Mayra Andrade já era a cantora cabo-verdiana mais popular de sua geração
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Em Paris, o processo de entender mais profundamente sua identidade, tanto musical quanto pessoal, não foi fácil. “Entre os 27 e os 30 anos vivi uma crise gigantesca", conta
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“Foram muitas páginas viradas e isso é doloroso. Passou por tudo: pela direção para onde eu levava minha música, o fim de um casamento, a relação com a cidade”
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Paris já não acolhia mais as ambições de Mayra. “Eu era vista como um ‘produto exótico’. Achavam legal que eu existisse, mas não me entendiam totalmente, ou não queriam entender"
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Em 2016, ela se mudou para Lisboa. “Aos 30, a mulher ganha uma consciência brutal da sua força. Nunca me senti tão bonita, poderosa, livre. E isso é uma conquista"
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"Tive que defender meu percurso, minha forma de ver o meu corpo, minha pessoa, minha vida, minha música, decidir como eu quero estar nesse mundo”
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Mayra se misturou com músicos de origens diversas e passou a fazer parte da cena conhecida como “Nova Lisboa”, marcada pela mescla de sons eletrônicos e contemporâneos a tradições regionais
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O caldeirão cultural em que mergulhou chamou atenção de uma ilustre moradora de Lisboa, Madonna. A americana elogiou a cantora no Instagram depois de vê-la dando uma canja em uma casa noturna
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Mayra tem também muita intimidade com a música brasileira. A africana já gravou e se apresentou com Chico Buarque, Lenine, Dominguinhos, Gilberto Gil e outros gigantes da MPB
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Duas composições de Caetano Veloso estão enraizadas em suas memórias mais antigas: “Leãozinho” e “Tigresa”
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“Lembro de cantar essas desde de bem pequenininha. E é engraçado porque ‘Tigresa’ é super a Mayra de agora”
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Mayra é, como a tigresa de Caetano, uma beleza que simplesmente aconteceu, sendo o que quer, inventando um lugar, sendo feliz e, antes de tudo, sendo mulher