Aline Custódio e Alessandra Oliveira, que dividem suas rotinas como mães de Jamal e Jawari no @maternidadesapatao, dão a real sobre a experiência
Logo que Aline e Alessandra se conheceram, em 2018, bateu a vontade de formar uma família: “Como toda boa sapatão, no começo do namoro já planejávamos casar, criar gato, cachorro e ter filhos”
Quando decidiram tirar os planos do papel, se depararam com um problema: os altos custos de procedimentos como inseminação artificial e fertilização in vitro
“Somos da quebrada, não temos condição de pagar tanto por esses tratamentos”, conta Aline
“Chegamos a pensar na fertilização caseira, mas decidimos esperar um pouco mais, pensar melhor. Até porque a gente tinha noção de como a sociedade trata uma mãe preta de periférica”
Alguns meses depois, no início de 2020, surgiu uma oportunidade: a ovodoação compartilhada
O processo é o seguinte: uma mulher fértil doa óvulos para outra mulher que, em contrapartida, arca com boa parte dos custos da fertilização in vitro de sua doadora
Aline doou seus óvulos e, assim, conseguiu viabilizar o procedimento. “Como a Alessandra tinha o sonho de gestar, foi ela que engravidou”, conta
A gestação foi um momento mágico, mas teve seus perrengues. “Foi como encarar nove meses com as duas de TPM”
“Ficamos em choque também por causa da pandemia. A Ale engravidou em fevereiro e em março já estávamos sozinhas isoladas em casa, com medo de como seria o pré-natal”
Deu tudo certo. Os meninos nasceram e não escondem a alegria por contarem com duas mamães preparadas para alimentá-los sempre que desejam
“Como a Ale passou por todo o rolê da gravidez – que é mó trampo – achei justo que eu ajudasse na amamentação. Então passei pelo processo de introdução à lactação, que foi bem rápido e simples”
“Eu gosto bastante de amamentar, mas não romantizo. É um trabalho árduo, às vezes não tô afim. Você disponibiliza totalmente seu corpo para seus filhos. É lindo e cansativo”
Outro momento emocionante dessa história foi o dia de registrar Jamal e Jawari no cartório do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde vive a família
“A gente entrou para a história da nossa quebrada como o primeiro casal LGBT a registrar dois bebês no cartório. Quando vierem os próximos, vão se lembrar da nós”, conta
Em janeiro de 2021, elas criaram um perfil no Instagram pra dividir essa experiência da dupla maternidade preta sapatão e de quebrada. Segue lá: @maternidadesapatao