Com o projeto Somos Madrastas, Mariana Camardelli reflete sobre os estigmas em torno das mulheres que cuidam de filhos que não foram gerados por elas
Madrasta não é palavrão
“O lugar da madrasta dentro do núcleo familiar ainda é invisível”, diz a educadora parental Mariana Camardelli, que é enteada, madrasta e mãe
Foto: Rica Retamal/Divulgação
“É como se você fosse ao banco para abrir uma conta pela primeira vez e descobrisse que já está devendo. Você chega e tem que provar que não é má”
Foto: Daniel Pinheiro/Divulgação
Em 2019, ela decidiu criar o projeto Somos Madrastas para debater preconceitos e criar uma rede de apoio junto a outras mulheres
Foto: Rica Retamal/Divulgação
A reflexão sobre as cobranças envolvendo esse lugar na família também é o tema de sua palestra no TEDx, batizada de “Por que madrastas são associadas à maldade”
Foto: Reprodução
“O prefixo de madrasta vem de ‘mater’, que significa mãe, em latim. Não vem de ‘má’, que é uma ideia construída socialmente”, explica
“Até o divórcio ser legalizado no Brasil, em 1977, o único jeito de acabar com um casamento era por meio da ideia de ‘até que a morte nos separe’”
“Se a mãe morria, a amante do pai chegava e tomava o lugar dela. Essa construção de família tradicional ainda está tatuada na gente”
“Os contos de fada na interpretação da Disney, por exemplo, colocam a madrasta como má e a mãe como boa, perfeita. A mãe morre e a filha é jogada no mundo”
Para Mariana, o primeiro passo para a desconstrução do estigma é assumir o papel de madrasta e entender como ele pode funcionar dentro da família
Foto: Arquivo pessoal
“Não somos tias, amigas, nem ‘boadrastas’. Somos madrastas e tá tudo bem. O que precisa mudar é a narrativa sobre isso”
“Precisamos do entendimento de que a madrasta não existe para tomar o lugar da mãe, nem para competir. É alguém que vai fazer parte da rede de cuidados”
“Se não nos descolarmos dos estereótipos, entramos em guerra, porque a sociedade patriarcal estimula a rivalidade entre mulheres”, completa