POR: Juliana Golçalves

Elas resistiram e
conquistaram seu espaço
sem pedir passagem. A Tpm
listou cinco mulheres que
transformaram o samba –
para conhecer e reverenciar

Lugar de mulher
É no samba 

Por muito tempo,
as mulheres não tiveram
vez no samba. Não que
não estivessem lá, mas
as rodas, as composições,
o palco e o sucesso eram
territórios dominados
por homens
Ainda assim, sambistas
mulheres não pediram
passagem e deixaram
seu legado com
posturas questionadoras
e atemporais nos versos
sobre o universo
feminino, sobre a vida
É bom lembrar: o samba,
mesmo antes do rap,
foi usado para cantar
as injustiças sociais,
a vida nos morros e nas
periferias, a alegria
e a resistência. E elas
seguiram a tradição
A seguir, conheça
a história de cinco
Mulheres de diferentes
gerações que deixaram
Sua marca no samba 
Clementina de Jesus
(1901-1987)
A carioca trabalhou como
empregada doméstica e só
começou a carreira aos 63
anos, quando foi descoberta
cantando em um bar. Ainda
assim, lançou onze álbuns
Foi da Portela, mas depois
de casar pela segunda vez
virou Mangueirense. Com um
timbre inconfundível, ficou
conhecida como Rainha Ginga
por estabelecer um elo
entre o Brasil
e ancestralidade africana
Jovelina Pérola Negra
(1944-1998)
A Pérola Negra, que ganhou
esse apelido pelo tom
retinto e reluzente de seu
corpo, também foi empregada
doméstica antes de estrear
na música, aos 40 anos
Uma das vozes femininas mais
marcantes da história do
samba, Jovelina gravou seis
discos e difundiu o partido-
alto cantando sobre as
mazelas sociais e exaltando
o orgulho de ser negra
Dona Ivone Lara
(1921-2018)
Na década de 40,
os sambas que escreveu
foram apresentados aos
outros sambistas por seu
primo Mestre Fuleiro, como
se fossem dele, pois não
existia espaço para
mulheres compositoras
Em 1965 tornou-se a primeira
mulher a fazer parte da ala
de compositores de uma escola
de samba, a Império Serrano,
se consagrou como compositora
e teve músicas gravadas por
nomes como Gilberto Gil
Leci Brandão
(1944)
Primeira mulher a compor
um samba para a Mangueira,
na década de 70, a carioca
deMadureira canta em defesa
das minorias, do povo
negro, das mulheres
e dos trabalhadores
Em quatro décadas de
carreira, já gravou mais
de vinte discos e cantou com
grandes nomes da música,de
Cartola a Fundo de Quintal,
de Alcione a Mano Brown
Teresa Cristina
(1968)
Com Candeia, Cartola,
Nelson do Cavaquinho,
Paulinho da Viola e Chico
Buarque no repertório, foi
uma das responsáveis pelo
ressurgimento da boemia
na Lapa, no Rio de Janeiro
Durante a pandemia,
suas lives no Instagram
para falar sobre música
e cultura popular madrugada
adentro multiplicaram seus
fãs e a transformaram
em celebridade

é outra
conversa.