Por: Carol Ito
Imagens: arquivo pessoal/ divulgação

A atriz paulistana escolheu
o humor para se comunicar
na internet e discutir
sobre temas importantes
da atualidade: “O riso
ecoa mais do que o grito”

Livia
La Gatto:
Rir pra
não chorar

“Conteúdo triste para
vidas desgraçadas”.
É assim que a atriz Livia
La Gatto descreve o que
os seguidores devem esperar
de seu perfil do Instagram
A veia tragicômica sempre
esteve presente na vida
da paulistana, que é
formada em artes cênicas
e foi professora de
teatro por onze anos
Na internet, ela descobriu
uma forma de se comunicar
com um público maior e
chamar a atenção para
assuntos incômodos
“Comecei a postar vídeos
no Facebook, em 2015.
Naquela época, eu via
muito discurso de ódio
nas redes sociais”, lembra 
“Pra mim, aquilo não
estava mudando nem
acessando ninguém. Então,
escolhi me comunicar pelo
humor. Às vezes, o riso
ecoa mais do que o grito”
A personagem Consuelo
Dicaboa, que ganhou um
sotaque argentino em
homenagem ao pai de Livia,
foi a primeira a bombar
nas redes
“Comecei a fazer tutoriais
falidos, sobre coisas que
não têm como resolver, por
exemplo: como acordar cedo
no frio, como ser mulher no
Brasil, como saber votar” 
“Também é um jeito de
ironizar isso de que
tem fórmula pra tudo,
pra emagrecer, pra ter
sucesso, pra ser feliz.
Para as fórmulas darem
certo, todo mundo teria
que nascer igual”
Outro personagem emblemático
é Bernardinho, que ensina
“como pegar uma mina
feminista” e oferece
coach para mulheres
“São comportamentos que
a gente tá de saco cheio.
A autoestima do homem
hétero tem que ser
estudada e tem que
acabar. Não dá mais hoje”
“Com esse personagem,
eu consegui atingir
até os meus amigos,
que se reconheceram
em algumas atitudes”
“Não acho que os caras
são machistas, eles estão
machistas e podem escolher
estudar e mudar. Mas, às
vezes, a gente não tem
paciência de esperar”
Em 2019, Livia bombou
com uma paródia da música
“Águas de Março”, de Tom
Jobim, em que critica o
cenário político brasileiro
Na pandemia ela se juntou à
atriz e amiga Renata Maciel
para formar a Aquela Dupla,
que faz paródias de grandes
sucessos e foi aclamada
até por Caetano Veloso
Imagens: reprodução
“A paródia é uma grande
homenagem às músicas, todo
mundo se familiariza com as
melodias. E também é uma
forma de criticar o que
tá acontecendo”, explica
“Tá todo mundo com um
sentimento de impotência,
então, vamos rir juntos?
É KKKrying”, conclui

é outra
conversa.