A atriz expõe seu estupro conjugal para puxar assuntos fundamentais no Brasil
Julia Konrad quer falar sobre consentimento
Em sua bio do Instagram, Julia Konrad se define como uma “actriz trilingüe que ya no sabe en qué idioma pensar”
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Apesar de ter nascido em Recife, ela cresceu em Buenos Aires, na Argentina, e se formou atriz em Nova York, nos Estados Unidos
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“Quando voltei pro Brasil, me reconectei com minhas raízes, me apaixonei pelo cenário cultural, que hoje infelizmente está tão sucateado”, conta
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Apesar do contexto político espinhoso, ela emplacou papéis de destaque em séries de sucesso, como “Dom”, da Amazon Prime, e “Cidades Invisíveis”, da Netflix
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O retorno ao país natal também fez com que Julia sacasse algumas dolorosas características socioculturais do Brasil
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Entre elas, a forma como homens (e também mulheres) entendem o conceito de consentimento
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“Escuto das minhas amigas que passaram adolescência aqui que era normalizado o mata-leão na festinha, em que o cara vem e agarra, o que é um assédio”
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“Precisamos falar mais sobre o fato do consentimento poder ser revogado a todo momento. Ele ter que ser dado de forma espontânea, contínua e explícita”
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“Acho que fora do Brasil esse movimento é mais forte, vejo muita gente explicando sempre que nenhuma mulher é obrigada a nada, seja ela casada, namorada ou ficante”
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Mesmo estando por dentro dessas discussões, a atriz foi vítima de estupro conjugal, que acontece quando uma mulher é assediada pelo marido ou parceiro
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“Foi um processo longo até eu me reconhecer nesse lugar de vítima, precisei de bastante terapia e de uma rede de conversa com outras mulheres”
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“Quando decidi falar sobre isso, recebi muitas mensagens de mulheres que se identificaram, que achavam que tinham o dever de se submeter a relações sexuais porque tinham um relacionamento”
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“A sociedade ainda define uma mulher pelo cara com quem ela está, e não por suas conquistas. O que importa é se ela é solteira ou não, se é mãe ou não”
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“É um vício de se validar pelo outro. E aí vale tudo pra não perder a validação, até se submeter a assédios”
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Estar mais atenta à maneira como a sociedade trata o corpo feminino está levando a atriz a desenvolver um olhar mais crítico também em relação ao seu trabalho e ao meio audiovisual de forma geral
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“Tenho uma pasta enorme de prints de mensagens de assédio que recebo a partir de cenas com apelo sexual de meus trabalhos. São barbaridades. Não vejo meus colegas homens recebendo esse tipo de coisa”
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“O Brasil tem uma herança forte da pornochanchada e ainda precisamos olhar para isso. A edição dos filmes expõe muito mais a mulher. Esse debate precisa se aprofundar”