Monique Evelle, Maria Bopp e Milly Lacombe debatem como lidar com tantas notícias sendo postadas em tempo real na internet
Colagem: Mariane Ayrosa
A resposta para essa questão é complexa e passa pelo entendimento da infodemia, o excesso de informação que gera sentimentos de tensão, estresse, medo e ansiedade
Para nomear essa sensação, o físico espanhol Alfons Cornell criou o termo infoxicação, que define a intoxicação por excesso de informação
O cenário se torna ainda mais complexo para quem trabalha com internet e passa um tempo significativamente maior em contato com informações
Para a jornalista Milly Lacombe, que já se viu sufocada pelas notícias, o caminho é encontrar o equilíbrio entre a nossa velocidade e a do mundo
“Eu entendi que poderia me informar de um outro jeito, em uma escala mais ampla, entender esse momento que a gente está vivendo”
A atriz Maria Bopp às vezes se sente angustiada ao buscar as informações para construir a personagem “Blogueirinha do Fim do Mundo”, que faz uma sátira das blogueiras com críticas políticas
“Sinto uma culpa quando eu me alieno. Eu falo: ‘Meu Deus do céu, o que eu estou achando? Que posso ficar aqui linda, loira, lendo meus livros, vendo minhas séries?’”
“Mas, ao mesmo tempo, é como botar a máscara de oxigênio no avião: você precisa colocar a sua antes de encaixar nos outros”
Para a psicanalista Vera Iaconelli, uma solução pode ser manter-se informado, mas não apenas com notícias quentes, buscando compreender a história, as raízes dos acontecimentos
Foto: Fabiano Feijó/ divulgação
“Buscar um pouco de informação que nos coloque numa perspectiva histórica. Aí você fala: ‘Tudo bem, tá ruim, mas já teve ditadura’. E a gente vai se localizando e se sentindo mais potente para enfrentar esse período histórico”
Ser uma mulher negra também complexifica a quantidade de informações com que é preciso lidar
Foto: Pablo Saborido/ Trip
“Preciso pausar para me cuidar, mas a sociedade não quer que eu pare. Em um dia é George Floyd e na mesma semana teve João Pedro e Miguel”, conta a empreendedora Monique Evelle
A disseminação de fake news aumenta a sensação de angústia diante da necessidade de filtrar e contrapor notícias falsas
“Querer o direito de se alienar pode abrir um precedente para as pessoas acabarem se informando com notícias que são convenientes, como por correntes de WhatsApp”, diz Maria Bopp
Vera Iaconelli acredita que existe um caminho educativo para a sociedade civil junto com o governo, que é o de normatizar e educar para a virtualidade
“A gente precisa aprender a usar a virtualidade. Ela foi criada como um bem de consumo, ela não foi criada pelo bem da humanidade”