A cantora mistura rap com o universo drag queen, subverte os conceitos de masculino e feminino e quer ser um espelho para outras pessoas
Por: Lia Hama
“Quando você vê a drag queen já em sua full glory, na sua excelência, você esquece que tem uma pessoa ali por baixo. Tem uma pessoa que tem mãe, pai, tem família, tem vida, tem história”, diz Gloria
Crédito: Pablo Saborido/ divulgação
Criada numa família de artistas, a cantora começou cedo sua trajetória em frente às câmeras. Aos 6 anos, ainda como Daniel, fazia comerciais de salgadinhos
Crédito: divulgação
Fez parte de uma das formações do grupo musical Balão Mágico, dos jovens talentos do Programa do Raul Gil e atuou em uma novela na Record
Mas foi só aos 18 anos, quando participou de uma montagem independente do espetáculo musical Hair, que Daniel descobriu o que chama de seu “melhor eu”
“Aquilo foi uma libertação pra mim", diz. “Com a peça, percebi que poderia me vestir como eu quisesse. Foi então que nasceu a Gloria Groove, cheia de glamour”
“Pra você ver que não existe roupa de menina, roupa de menino, nada de menino ou de menina. Existem as coisas e as coisas estão aí pra gente usar”
Gloria conta que sempre se sentiu diferente dos primos e dos colegas de escola e era vítima constante de bullying
“Eu era a bichinha da turma. As coisas teriam sido mais fáceis se eu tivesse tido uma Gloria Groove em quem me espelhar. Não me sentiria tão sozinha”
“Você não tem noção da diferença que faz um menino negro, gay, de periferia, olhar pra mim, pro meu trabalho, olhar para as coisas que eu faço e pensar: ‘Poderia ser eu. Eu poderia fazer tão grande quanto, eu poderia fazer tão legal quanto’”
“Uma vez que você está em paz com o fato de que você é uma bichona, sim, de que você é preta, sim, de que você é tudo isso, sim, não tem como ninguém mais te atingir por conta desses fatores. As pessoas vão ter que penar pra achar outro motivo. Porque se você está em paz com isso, vai ser difícil alguém tirar sua paz”
“Algumas pessoas que vem falar contigo elas percebem nelas uma vontade de transformar isso, de mudar isso, depois de te ver. Isso é o maior presente”
“Imagina você ficar sabendo que uma pessoa parou com isso na vida, de fingir ser algo que não é, e falou: ‘Não, de hoje em diante eu vou mudar isso, eu vou virar, eu vou dar a volta, fazer tudo direito e ser eu mesma’. Porque aí você percebe que a gente não tá sozinho, né?”
“Pensar que essas pessoas possam ver em mim um espelho, sabe? E a resposta que eu tenho é inacreditável, emociona só de falar mesmo”