POR: carol ito Projeto de Nana Moraes
conecta mães encarceradas
aos filhos por meio de
retratos e cartas
Fotografia
no cárcere
Fotos: nana moraes Em 2015, a fotógrafa Nana
Moraes convidou 16 mulheres
encarceradas no Complexo de
Gericinó, zona oeste do Rio
de Janeiro, a escrever cartas
para seus filhos e filhas
Ali nascia o projeto
Travessias, um mergulho
na realidade dessas mulheres
e também uma tentativa de
conectá-las às suas famílias
durante o tempo na prisão
Nana partiu em busca dos
destinatários em várias
partes do Brasil. Nas visitas,
ela também fotografou os filhos
para entregar os retratos
às mães encarceradas
“Sabendo que as mulheres
raramente recebem visitas
por conta do estigma, pensei
que a fotografia poderia
conectá-las às suas famílias”,
conta a fotógrafa
“A maioria das mulheres
são presas em trânsito,
enquanto carregam drogas.
Às vezes, a família nem
fica sabendo ou não tem
dinheiro para visitá-las
em outra cidade”
“A mãe presa é duplamente
penalizada. Além de pagar
por seus crimes, ela tem
a família destroçada
imediatamente, até porque
muitas são mães solo”
Depois de tantas vivências,
a carioca decidiu juntar
os registros aos bordados
inspirados nas arpilleras,
tipo de costura manual usado
para contar histórias da
ditadura chilena
As peças viraram exposição
e foram reunidas no livro
Ausência, que faz parte da
trilogia DesAmadas, sobre
mulheres em situação
vulnerável, entre elas,
prostitutas de estrada
“As fotografias e os
retalhos viraram colchas,
cobertores e toalhas,
justamente para trazer
a ideia de acolhimento.
Para mim, foi uma forma
de assimilar histórias tão
perversas”, conta Nana
“No cárcere se concentra
todo tipo de preconceito.
O racismo estrutural
faz com que as pessoas
pensem que justiça é
sinônimo de vingança”
“Apesar de tantas feridas,
elas têm a capacidade
de sobreviver, resistir
e continuar sorrindo.
Tenho muita admiração
por essas mulheres”