Fafá de Belém 

A cantora foi criticada,
assediada, mas não fechou
o decote nem baixou a voz.
Fafá traz no corpo, na
história e no discurso a
liberdade como assinatura

Entrevistas: Natacha Cortêz
e Denise Meira do Amaral
Foto: Fernanda Gomes/ divulgação
Era 1970 quando, aos 14 anos,
Maria de Fátima, calorenta
como toda menina crescida no
Pará, pisava em “terras de
concreto” pela primeira vez
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Fafá – apelido que nasceu
com ela – havia se mudado temporariamente com a
família para São Paulo,
mas, de início, a cidade
não a entendeu
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Chegou na metrópole bufando
vida. Trajava orgulhosa
vestidos de chita com decotes
até o estômago, costurados
pela mãe, que pregava: “O que
é bonito é pra se mostrar”
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Achavam que eu estava
me oferecendo, olhavam pra
mim como quem via um óvni.
Queriam me reduzir, me
oprimir, me calar, me
cobrir de roupas; quando
não me violentar”, lembra
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Sair de Belém e vir pro
Sudeste é difícil pra uma
menina. Por mais forte que
você seja, vão tentar te
moldar. E nasci num mundo
de águas e liberdade”
Foto: Christian Gaul/ Trip
Em meados daquela mesma
década, Fafá de Belém
chegava ao Rio de Janeiro
como cantora e estourava com
seu primeiro sucesso, “Filho
da Bahia” (1977), canção
da novela Gabriela
Foto: Christian Gaul/ Trip
Vestia transparências,
usava penas e flores no
cabelo, falava alto e ria mais
alto ainda. Esbanjava corpo,
voz e abraços. Na Guanabara,
também não foi entendida
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Existiam as musas e existia
eu, a menina barulhenta
que cantava brega e falava
o que vinha à cabeça.
Eu não estava na categoria
de diva da MPB, estava no
sublugar. Eu e meus peitos
que escapavam do decote”
Foto: Nelson Di Rago/ CEDOC/
TV Globo/ divulgação
Nas mais de quatro décadas
de carreira, a cantora perdeu
a conta de quantas vezes
foi assediada, criticada
e malvista, mas isso nunca
a impediu de ser ela mesma
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Fafá não fechou o decote
nem baixou a voz. Lançou
mais de vinte discos, fez
novela, filme e, na pandemia,
reuniu mais de um milhão
de pessoas em suas lives.
“Onde tem holofote, estou
dançando”, diz
Foto: Mariana Pekin/ Trip
Se ser Fafá incomodava aos
20 anos, aos 60 “incomoda
muito mais”, garante.
Ser uma mulher livre e que
esbanja desejo nessa idade
é um ato político. E ela
sabe bem disso
Foto: Fernanda Gomes/ divulgação
Não tive tempo para a crise
dos 30, dos 40, dos 50.
Nunca escondi minha idade,
não faço botox, convivo com
gente de todas as gerações,
diz. “Hoje, represento essa
sexagenária que leva
a juventude na alma”
Foto: Fernanda Gomes/ divulgação
Ela prefere paixão ao
amor, acredita em todos os
modelos de relacionamento,
odeia conchinha e alerta:
“Se não suar gelado na nuca,
se não engolir borboletas,
não adianta”
Foto: Christian Gaul/ Trip
Em 2020, Fafá completou
45 anos de carreira,
mas está longe do fim.


Tenho muito orgulho da
minha trajetória, das portas
que bateram na minha cara.
E olha, foram muitas, mas
isso nunca me desanimou”
Foto: Fernanda Gomes/ divulgação
Olho pra trás e sei que
tudo valeu muito. Mas tenho
mais 40 anos pela frente”
Foto: Fernanda Gomes/ divulgação

é outra
conversa.

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