POR: CAROL ITO
fotos: Milena Paulina

Milena Paulina se dedica
a fotografar corpos gordos
levando representatividade
para as artes visuais

A beleza
de corpos
invisíveis

A fotografia entrou na vida
de Milena Paulina em meados
de 2017, quando ela sentiu
vontade de ser retratada
Na época, teve dificuldade
em encontrar alguém que
pudesse fotografá-la com
um olhar humanizado para
seu corpo gordo
Então, a paulista de
Itaquaquecetuba resolveu
que ela mesma poderia
fazer as fotografias,
além de retratos de outros
corpos fora do padrão
Assim nasceu o projeto
"Eu, gorda", em que Paulina
viajou o Brasil fotografando
mais de 300 pessoas ao longo
de dois anos
“Encontrei muitas
mulheres que estavam
buscando a mesma coisa
que eu, que queriam ser
fotografadas, que queriam
se enxergar”, conta ela
Para além da fotografia,
a ideia era promover
encontros e rodas de
conversa entre mulheres
com histórias parecidas
“Os ensaios eram feitos
de maneira coletiva,
com todas as mulheres
se encontrando de manhã
e ficando juntas até
a tarde. Era terapêutico
e transformador”
“Muitas que passaram
pela experiência contaram
que nunca tinham conseguido
falar sobre certos assuntos
na terapia, mas se sentiram
confortáveis ali”
A nudez presente na maioria
das fotos é retratada de
forma natural e delicada,
mostrando a beleza de corpos
que costumam ser invisíveis
“A nudez nos torna
iguais, sem armaduras.
O corpo gordo é tão odiado
que a gente escuta o tempo
todo que temos que nos
cobrir, nos esconder”
Durante a pandemia, Paulina
decidiu rever todo o trabalho
feito durante o projeto
"Eu, gorda". Dessa pausa
veio a ideia de fazer
intervenções com bordados
“Existe muito essa ideia
de que a fotografia é um
arquivo digital que fica
na memória do computador.
Eu queria trazer a arte
para o mundo físico”
“O bordado me faz ficar
conectada com a foto,
passo horas olhando
para cada detalhe”
Para Paulina, levar
diversidade de corpos
para a fotografia é um
caminho de cura: “Faço
a arte que quero ver
no mundo”

é outra
conversa.

@olhardepaulina_
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