Movimento Toda Poderosa, formado
por torcedoras do Corinthians de
todo o país, nasceu da necessidade
de confrontar o machismo no
futebol e lutar pela democracia,
justiça e igualdade dentro
e fora dos estádios

Estádio é lugar
de mulher (e elas
podem provar)

71% das mulheres do Brasil torcem
por um time de futebol, segundo
pesquisa do Datafolha de 2019.
Mesmo assim, muitas ainda sofrem
com assédio, insegurança nos
estádios e posturas de
dirigentes que vão de encontro
às demandas das torcedoras
Foi pensando nisso que um grupo
de mulheres, torcedoras do Sport
Club Corinthians Paulista, decidiu
fundar o Movimento Toda Poderosa
Corinthiana. Apesar de não se
considerarem uma torcida organizada,
elas têm o mesmo objetivo: justiça
e igualdade nas arquibancadas
“A sociedade patriarcal
diz que estádio não é lugar
para mulher. A mulher tem
que gostar de vôlei, de tênis,
sei lá, de pingue-pongue, mas
não pode falar do futebol.
É como se a gente não tivesse
o direito de estar ali e, sim,
isso acaba inibindo mulheres”,
disse Analu Tomé, membro da
Toda Poderosa, em entrevista
à Trip em 2015
Assim como a Toda Poderosa,
existem diversas iniciativas
de mulheres engajadas em
combater o machismo dentro
e fora dos campos, como a
Vascaínas contra o Assédio,
Setor Alvinegro, do Ceará, e
a Galo Queer, do Atlético-MG
Não é de hoje que o futebol
tem um histórico de ativismo
político. O Democracia Corinthiana,
movimento protagonizado por
jogadores como Sócrates e
Casagrande durante a ditadura
militar, participava ativamente
das decisões do clube
e se manifestava a favor
do movimento Diretas Já
Este posicionamento político
acabou sendo encampado pelas
torcidas organizadas do clube.
Em novembro de 2022, integrantes
da Gaviões da Fiel, uma das
organizadas do Corinthians, se
mobilizaram contra o bloqueio
das estradas por apoiadores
de Jair Bolsonaro
Nas redes sociais, a Toda
Poderosa compartilhou vídeos
e imagens das ações. “A Fiel
segue desbloqueando a Dutra.
A luta é pelo justo, perpetuando
a história do Time do Povo. Somos
o time da Democracia Corinthiana.
Um salve aos guerreir@s!”
A organização contra o
machismo e pela defesa
da democracia no futebol
veio para ficar. “A gente
não está aqui pedindo nada,
estamos exigindo porque
isso é direito nosso”,
conta a corintiana Analu
“Nós não queremos ser de
torcida organizada e cortar
o melão da festa. Se todo
mundo cortar, eu posso até
cortar também, disse ela
em entrevista à Trip, em 2015
“Quando tiver eleições para
conselheiro da Gaviões da
Fiel eu também vou querer
concorrer. Nós queremos ser
conselheiras, queremos ser
diretoras, queremos mulheres
técnicas de futebol”

é outra
conversa.