Mulheres religiosas são
sempre vistas como submissas,
mas a real é que o conceito
de liberdade não é tão
óbvio quanto parece
Fotos: Filipe Redondo/ Trip
É possível
conciliar fé
e liberdade?
Criada na Igreja Evangélica,
a paulistana Isadora Nascimento
encontrou nos cultos um
centro de poder
“Fé é onde a gente se
sustenta. É o que me dá
a força que não consigo
encontrar em nenhum
outro lugar”
Embora condene certos
posicionamentos da igreja,
como a não aceitação dos
homossexuais, abandonar a
religião nunca foi uma opção
“A Igreja Evangélica é de
maioria negra e feminina,
mas liderada por homens
brancos. É importante estar
neste ambiente combatendo
o machismo, o racismo e
as estruturas de poder”
A muçulmana Soha Chabrawi
também questiona a relação
entre gênero e religião
“Meu ex-marido esperava que
eu fosse discreta por ter
berço árabe. Que eu falasse
baixo, não conversasse
sobre qualquer assunto na
presença de amigos dele.
Mas ser muçulmana não
significa ser pudica”
Diferente de Soha, que carrega
os signos do islamismo nas
roupas de maneira evidente,
a historiadora Bruna David
leva no pescoço uma discreta
guia de proteção da umbanda
“É uma religião de
resistência, que me
trouxe esse questionamento
da liberdade. Para mim,
liberdade é conseguir
questionar as regras e
revolucionar. Tenho mesmo
que ser hétero, magra?”
O judaísmo é tido como uma
religião marcada pelo machismo.
Mas Maya Nigri, que cresceu
vendo sua mãe se dividir
entre os filhos e o trabalho,
não vê isso como um peso
“A família é regida pela
figura feminina. Escolhi
cuidar dos meus quatro
filhos e não quero que
meu marido chegue perto
da minha cozinha. É uma
coisa que gosto de fazer,
nada me foi imposto”
“Me sinto livre com a
religião, não me sinto
presa. Liberdade não é
fazer tudo. É escolher,
dentro dos limites, as
coisas que te fazem bem”
é outra
conversa.
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