Por: Giuliana Mesquita
Fotos: Arquivo pessoal
Conheça as histórias de quem
subverteu clichês gordofóbicos
para mostrar que a mulher
gorda pode usar, amar,
trabalhar e fazer o que quiser
Desafiando crenças gordofóbicas
Você com certeza já ouviu –
talvez até já falou – frases
que oprimem mulheres gordas,
colocando-as em caixinhas,
negando seu direito de existir
e tirando sua humanidade
A seguir, mulheres que
perceberam que não é preciso
viver a vida sob regras alheias
e desafiam as “verdades
absolutas” que são repetidas
exaustivamente dividem suas
histórias com a gente
"Não confio em nutricionista gorda”
“Por um período, pensei em
desistir exatamente por conta
desse preconceito. As pessoas
não olhavam pra mim”, conta a
nutricionista Milena Soares.
“Acabava me escondendo por
trás da minha vergonha”
Hoje, ela tem plena
consciência de que o padrão
inatingível imposto pela
sociedade não tem nada a
ver com saúde. "Desde que
me aceitei, os pacientes
começaram a aparecer”, diz
“Muitos profissionais
impõem o peso que cada
pessoa precisa perder.
Para mim, estando com
saúde, a pessoa pode ter
o peso que ela quiser”
“Gordos não
praticam
esportes”
Ellen Valias cresceu sentindo
que seu corpo não era acolhido
em espaços esportivos. "Sempre
estive sozinha nesse rolê",
diz. “Minha experiência me
fez enfrentar esses ambientes.
Chegar e permanecer ali”
Em 2015, ela criou o Rachão
Basquete Feminino, coletivo
de mulheres que ocupa quadras
públicas uma vez por mês. “Eu
preciso falar para as pessoas
gordas o que a gordofobia faz
ao tirar seu acesso", diz
“Precisamos construir
uma nova relação com a
atividade física para que
as pessoas entendam de uma
vez por todas que pessoas
gordas também praticam
e continuam gordas”
“Mulheres gordas
não deveriam
namorar homens
magros”
A produtora de conteúdo
Luana Carvalho percebeu ainda
na escola que era tratada
diferente por ser preta
e gorda. E decidiu virar
a referência que sempre
buscou em outra pessoa
Entrou no movimento negro
e hoje milita pela liberdade
dos corpos das mulheres,
incluindo o seu. No
relacionamento com Gabriel,
um homem branco e magro,
encontrou mais preconceitos
“Quando andamos
juntos, é o festival do
‘vira-pescoço’”, diz.
“As pessoas não estão acostumadas a verem
mulheres gordas recebendo
carinho e afeto”
“Biquínis e lingeries não ficam bonitos em corpos gordos"
Por muito tempo, a
influenciadora Ray Neon
não mostrava suas pernas
por causa da celulite ou
seus braços porque eles
eram gordos. Ao entrar
na faculdade de moda, se
viu criticada por suas
escolhas fashion
Hoje, ela fala sobre o processo
de amar seu corpo com os
seguidores. “Se você é gorda
e usa um cropped, uma roupa
marcando, um biquíni, você não
está vestindo moda, você está
fazendo um ato político”
“A função da moda não
é me emagrecer, não é
me deixar mais magra
ou mais alta. Sua
função é mostrar
quem eu sou”, diz
“Mulheres
gordas não podem
trabalhar com
moda"
A indústria da moda é uma
das mais excludentes quando
falamos de corpos diferentes,
mas isso não impediu que
Chiara Rodello sonhasse
em trabalhar no meio
“As pessoas falaram que eu
tinha que usar as marcas
que eu atendia, mas elas
não faziam roupas pra
mim”, conta. “Eu comecei
a entender que meu valor
não estava no meu corpo,
mas no trabalho que faço"
Ocupar esses espaços e
convidar pessoas como ela
a estarem junto é sua maior
vitória. “Foi emocionante
ver a primeira modelo gorda
a desfilar a C&A e saber
que eu fiz parte desse
processo”, diz