Desde os 8 anos, a vida da atriz
acontece sob os holofotes. Suas
personagens sempre estiveram um
passo à frente: o primeiro beijo
na vida real veio depois do beijo
na ficção; o sexo existiu antes
na novela. Em 2014, ela bateu
um papo sem filtros com a Tpm
Entrevista por Milly Lacombe
Deborah
Secco
foto: Christian Gaul / editora Trip Na preparação para filmar
"Bruna Surfistinha", longa que
levou mais de 2 milhões de
espectadores ao cinema em 2011,
a menina que era “fragilzinha”
e “fresquinha” (termos dela
mesma) viveu por um mês
entre garotas de programa
foto: divulgação Moças estupradas pelos pais
ou padrastos, que se drogavam
para aliviar a dor, que lutavam
para mandar dinheiro para filhos
que mal viam. “A capacidade
delas de sobreviver me fez
valorizar tudo que eu consegui”
foto: Christian Gaul / editora Trip Uma das prostitutas foi quem
lhe disse o que virou a frase
de sua vida: “Deborah, ninguém
é o que consegue ser. A gente
é o que pode ser”. “Apesar de
todos os erros que cometi, dos
tropeços que dei, estou superbem,
tenho saúde, minha família
está ótima”, diz a atriz
foto: jorge bispo / editora Trip “Aprendemos com a minha
mãe a não depender de homem:
‘não se venda por nada, seja
dona da sua vida, você é quem
manda, você pode, você faz’.
Para o meu irmão, a lição era:
não pode ficar o dia inteiro
fora trabalhando, tem que
ver sua mulher, seus filhos”,
contou, sobre a infância
Filha de um professor
de matemática e de uma dona de
casa, Deborah nasceu e cresceu
em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Atriz desde os 8 anos, ela tinha 13
quando apareceu na TV só de sutiã,
deu seu primeiro beijo em cena
e se insinuou nua para as câmeras
antes de perder a virgindade
“No primeiro nu que precisei
fazer, fiquei chorando o tempo
todo, não conseguia. Tremia
inteira, chorava. Na terapia, eu
descobri que estava chorando
porque ainda não tinha vivido
aquilo. E pensava: ‘Pô, para de
roubar minha vida, ô, profissão!’”
foto: jorge bispo / editora Trip “Meu primeiro beijo da vida
real veio um ano e meio depois
de eu ter beijado no teatro.
E foi num curso, com o André
Gonçalves. Lembro que pedi:
'Dá beijo de língua, porque eu
não sei beijar e preciso aprender.
Eu nunca beijei na vida real'”
foto: arquivo pessoal “As personagens viviam
as coisas antes de mim. Isso
me machucava. O início dessa
coisa da Deborah Secco sexy foi
muito doloroso. Virei sex symbol,
mas não sabia nem transar”
foto: Christian Gaul / editora Trip “A minha vaidade não é maior
que o meu trabalho. Tive que
emagrecer 11 quilos para fazer
‘Boa Sorte’. Nas poucas vezes
em que apareci, dava problema.
Depois engordei todos os
11 quilos perdidos e mais
3 para fazer ‘A estrada do
diabo’. Foi nota por um
mês: 'Deborah gorda!'“
foto: arquivo pessoal “Eu emagreço e engordo
pelos papéis. Sozinha não
faria regime, mas têm os
trabalhos e o mundo impondo
mil regras. Nessa profissão
engordar ou emagrecer é
moleza, difícil é encontrar
o personagem emocionalmente,
mas disso ninguém fala
e ninguém dá valor“
foto: divulgação “Se a finitude não me
interromper antes do esperado,
quero envelhecer. Desejo
arduamente as rugas, ficar
com o cabelo branco, desejo
ficar toda curvadinha. Porque
só não fica quem morre antes!
Eu tô no comecinho, sou
muito disposta a encarar
coisas novas, arriscar”
foto: Christian Gaul / editora Trip “Eu acho que as celebridades
deveriam ser cientistas, pessoas
que inventaram coisas importantes,
que fizeram trabalhos relevantes,
transformações sociais. Essas
são as pessoas que deveríamos
seguir, observar, aprender. Eu,
não. Não tenho essa importância”
foto: Daniel Aratangy / editora Trip