POR: amanda cardoso
imagens: reprodução

No canal de YouTube
Entre Migas, quatro
mulheres mostram que
o mundo nerd pode ser
um espaço democrático

Cultura
pop sem
preconceito

Depois de uma década
trabalhando num portal
de cultura pop, as amigas
Aline Diniz, Natália Bridi,
Patrícia Gomes e Júlia Del
Bel resolveram criar uma
comunidade onde pudessem
falar sobre séries e
filmes de outro jeito
No canal de YouTube Entre
Migas, que nasceu em 2020,
tem espaço pra todo tipo
de opinião, menos para
o ódio e o preconceito
“É bizarro que essa paixão
pelo conteúdo vire quase
uma religião, um contra
o outro. Só que não precisa
ser assim. É entretenimento,
é para entreter, não é para
ser tão sério”, diz Aline
Elas querem que todos
se sintam representados
nas telas e, por isso,
o nerd machista e
preconceituoso – que elas
batizam de ‘nerdola’ – não
tem vez nessa comunidade
“O nerdola na internet
é aquele cara que está
vivendo no mundo de 20
anos atrás, que ainda
acha errado mudar a etnia
de algum personagem”,
explica Patrícia 
“Nós estamos abertas às
Críticas, que não precisam
nem ser construtivas,
mas educadas. Não precisa
gostar de tudo que a gente
faz, mas entender que
existe outro ser humano
ali”, afirma Natália
O ambiente livre de
julgamentos e debates
agressivos encorajou
Júlia Del Bel, até então
apenas editora dos vídeos,
a aparecer em frente
às câmeras e transformar
o trio em quarteto
“É muito libertador, eu
consigo falar o que quero,
sem vergonha de dizer que
gosto ou não gosto de
alguma coisa”, diz Júlia
Assim como Júlia, outras
pessoas que não se sentem
à vontade em espaços
do mundo nerd encontram
acolhimento na comunidade
criada por elas
Além do canal no YouTube,
o Entre Migas tem um grupo
no Telegram com cerca de
2.000 participantes, entre
eles pessoas LGBTQIA+,
crianças e mulheres
acima de 50 anos
“Tem muito nerd na
comunidade LGBTQIA+
e eles não se sentem
confortáveis nos espaços
dominados pelo nerdola,
que acha que qualquer
coisa que fuja do padrão
branco hétero é lacração”,
afirma Natália
“A gente quer dar
oportunidade para
pessoas que se sentem
carentes desse espaço.
Vimos o pior lado da
internet e agora estamos
trabalhando para criar
um melhor, porque isso
existe, é possível”

é outra
conversa.