POR: CAROL ITO
ilustração: mariane ayrosa Educação em sexualidade
é fundamental para que
as crianças possam
identificar e relatar
situações de violência
Como proteger
as crianças de
abusos sexuais
Em 2020, o Disque 100
registrou mais de 14 mil
denúncias de abuso sexual
infantil no Brasil
Em 84% dos casos, a
violência ocorreu dentro
da casa da vítima ou da
pessoa suspeita, em sua
maioria pais e padrastos
“São abusos de ocasião,
cuja principal causa é
o machismo, que leva
À manutenção de relações
desiguais de poder”, diz
a médica e educadora em
sexualidade Lilian Macri
Autora do livro ‘Mamãe,
o que é sexo?’, um guia
prático de como abordar
a sexualidade com crianças
e adolescentes, ela explica
que educar não é só falar
sobre relações sexuais
“É sobre como se lida com o
próprio corpo e sentimentos
para a partir daí se
relacionar com o outro”
Essa educação também
implica rever comportamentos
machistas e discutir sobre
desigualdade de gênero
“As crianças se baseiam
muito na forma como os
pais tratam um ao outro.
Eu não acredito em
mudança nas crianças
se não tiver mudança no
núcleo familiar”, diz
Lilian explica que nomear
os genitais corretamente
também é um passo importante
“A zona genital não pode
ser uma área proibida. Crianças precisam ter
noção de quem pode tocá-las
e em quais situações. Dá
para aproveitar o banho
e a curiosidade natural
para explicar”
“Durante uma troca
de roupa, por exemplo,
é interessante avisar
que vai trocar, lembrar
que o corpo é dela, não seu”
Nas brincadeiras ou na hora
de cumprimentar adultos,
a vontade da criança precisa
ser respeitada. Ela tem
o direito de dizer não
Uma escuta sem julgamentos
também ajuda a criar um canal
aberto de comunicação para
que a criança comunique
se algo estiver errado
“Costumo dizer que os
pais e pessoas próximas
precisam treinar a ‘cara
de paisagem’, deixar a
criança falar até o final”
“O único fator protetor
que temos para não
colocar as crianças em
vulnerabilidade é criar
canais de comunicação,
seja em casa ou na
escola, desde pequenas”