POR: CAROL ITO
Imagens: hal wildson

Hal Wildson usa máquina
de escrever e colagens de
fotos para recriar histórias
pessoais e coletivas

A arte de
reescrever
memórias

Hal Wildson, artista
multimídia e poeta
que cresceu no interior
de Goiás, encontrou na
paixão pelas letras uma
forma de se expressar
Utilizando uma técnica
semelhante à do bordado
em ponto-cruz, ele cria
imagens surpreendentes
formadas por milhares
de letras datilografadas
“Pude colocar minha poesia
dentro de uma plataforma
visual usando a habilidade
do ponto-cruz, que aprendi
com a minha avó, conta
“Como sou dos anos 90,
ainda tinha máquina de
escrever ao meu redor,
mas eu não tinha dinheiro
para ter uma. Era um
sonho de consumo”
Na série “Cartas da memória
à infância”, o artista busca
reescrever e ressignificar
as marcas violentas da
própria infância
“Minha família é de origem
muito pobre e cresci dentro
de uma estrutura violenta
moldada por abandono
parental, vício, alcoolismo,
feminicídio e abuso sexual”
Para ele, o tom
autobiográfico das
obras também é uma
forma de refletir sobre
a formação de milhares
de pessoas pelo Brasil
“Não tem como falar dos
problemas que enfrentei
na infância sem pensar
que também são problemas
sociais e políticos
brasileiros”
Em séries como
“República da desigualdade”
e “Singularidades”, o artista
investiga a construção de
identidades brasileiras por
meio de colagens de fotos
“Em ‘República da desigualdade’, retrato como
a desigualdade consegue
estruturar famílias,
fazendo com que crianças
tenham que lidar com
realidades tão duras”
“Na série ‘Singularidades’
busco ressaltar a
singularidade de um povo
através de suas diferenças.
O que nos identifica como
Brasil?”, questiona
As obras de Hal já foram
expostas em feiras como
ArtRio e SP-Arte e é
possível acompanhar seu
trabalho pelo perfil
@halwilson, no Instagram

é outra
conversa.