Hal Wildson usa máquina de escrever e colagens de fotos para recriar histórias pessoais e coletivas
A arte de reescrever memórias
Hal Wildson, artista multimídia e poeta que cresceu no interior de Goiás, encontrou na paixão pelas letras uma forma de se expressar
Utilizando uma técnica semelhante à do bordado em ponto-cruz, ele cria imagens surpreendentes formadas por milhares de letras datilografadas
“Pude colocar minha poesia dentro de uma plataforma visual usando a habilidade do ponto-cruz, que aprendi com a minha avó”, conta
“Como sou dos anos 90, ainda tinha máquina de escrever ao meu redor, mas eu não tinha dinheiro para ter uma. Era um sonho de consumo”
Na série “Cartas da memória à infância”, o artista busca reescrever e ressignificar as marcas violentas da própria infância
“Minha família é de origem muito pobre e cresci dentro de uma estrutura violenta moldada por abandono parental, vício, alcoolismo, feminicídio e abuso sexual”
Para ele, o tom autobiográfico das obras também é uma forma de refletir sobre a formação de milhares de pessoas pelo Brasil
“Não tem como falar dos problemas que enfrentei na infância sem pensar que também são problemas sociais e políticos brasileiros”
Em séries como “República da desigualdade” e “Singularidades”, o artista investiga a construção de identidades brasileiras por meio de colagens de fotos
“Em ‘República da desigualdade’, retrato como a desigualdade consegue estruturar famílias, fazendo com que crianças tenham que lidar com realidades tão duras”
“Na série ‘Singularidades’ busco ressaltar a singularidade de um povo através de suas diferenças. O que nos identifica como Brasil?”, questiona
As obras de Hal já foram expostas em feiras como ArtRio e SP-Arte e é possível acompanhar seu trabalho pelo perfil @halwilson, no Instagram