POR: Isabella Lanave

Adélia
Sampaio

mulher foda

apresentar uma

deixa eu te

Fotos: arquivo pessoal
Com um filme sobre o amor entre
duas mulheres, ela se tornou
a primeira cineasta negra
a dirigir um longa-metragem
no Brasil, em 1984
Mineira radicada no Rio de
Janeiro, Adélia Sampaio nasceu
em 1944 e começou a cultivar
a paixão pelo cinema ainda na
adolescência – ela tinha 13 anos
quando assistiu a um filme
na telona pela primeira vez
“Eu fiquei apavorada,
o que é isso? Eu quero
fazer isso! Foi o único
sentimento que eu consegui
expressar na hora”,
contou à Tpm em 2017
“Amor Maldito”, seu primeiro
e único longa-metragem,
de 1984, é também o primeiro
dirigido por uma mulher
negra no Brasil
Baseado em fatos reais
ocorridos em Jacarepaguá,
bairro do Rio de Janeiro,
o filme trata com um tom
policialesco do amor
entre duas mulheres e
o suicídio de uma delas
“Eu estava trabalhando
numa coisa em que eu
acredito. Sou verticalmente
contra qualquer
preconceito, qualquer
homofobia”, explica
a diretora
A Embrafilme, estatal brasileira
produtora e distribuidora até
1990, classificou o tema como
absurdo e não ofereceu
financiamento. O longa foi
rodado em um sistema de
cooperativa entre os técnicos
e atores, em que todos receberam
apenas uma ajuda de custo
O filme seguiu enfrentando
barreiras, mesmo quando
Adélia recebeu o convite
para exibir Amor Maldito
um festival no exterior
Antes de se tornar diretora,
ela foi continuísta,
maquiadora, câmera,
montadora e produtora
em mais de 70 produções.
“Fui eleita a rainha
da pesada”, conta
Adélia sempre priorizou
trabalhar com profissionais
negros em suas equipes e
por isso passou por muitas
situações de preconceito
Fotos: divulgação
Para se ter uma ideia, em 2016
somente 2% dos longas foram
dirigidos por homens negros,
enquanto nenhuma mulher
negra assinou a direção de um
filme, de acordo com a Ancine
Por conta desse contexto,
Adélia passou apenas
recentemente a ser lembrada
e homenageada em festivais de
cinema e prêmios pelo Brasil
“O cinema é elitista.
Chega uma preta, filha
de empregada doméstica
e quer fazer filmes? Claro
que foi difícil”, desabafa
Adélia, que não cogitou
desistir da carreira
Fotos: ITAU CULTURAL / REPRODUÇão

é outra
conversa.