Por: Carol Ito
Fotos: arquivo pessoal/Divulgação

Depois de descobrir
que o filho possuía uma
doença rara, Lau Patrón
se tornou uma voz na
luta anticapacitista

A solidão e a
potência das
mães atípicas

“Nada na minha vida tinha
me preparado pra viver
isso”, conta Lau Patrón,
que teve que rever todas
as rotas de sua vida após
a maternidade
A gaúcha é mãe de João,
que possui uma doença
autoimune rara chamada
SHUa e, por conta dela,
sofreu um AVC com quase
dois anos
“Uma médica me disse: é
como se um raio tivesse
caído na tua casa. E eu
respondi: mas esse raio
tem nome e tem mãe”, conta 
“Passei por um processo de
reeducação, de me desfazer
das minhas próprias crenças,
de entender mais sobre
inclusão e nossos direitos”
Ela percebeu o quanto
o capacitismo, nome do
preconceito contra pessoas
com deficiência, está
enraizado na sociedade.
E resolveu compartilhar
seu conhecimento
Em sua primeira palestra
no TEDx, em 2018, Lau fala
sobre a solidão enfrentada
por mães que vivem
situações semelhantes
“A desigualdade brutal
no Brasil faz com que a
conversa sobre inclusão
se divida. Mas a solidão
é algo que todas as mães
atípicas têm em comum”
“São familiares que
se afastam, divórcios,
amigos que somem, ausência
de comunidade afetiva
e social. Eu precisava
dizer que inclusão não
é um favor”
“Eu precisava denunciar
os silêncios tão cruéis
das nossas jornadas,
aliviar o nó na garganta,
mas não só o meu. Um nó
coletivo”, explica
Lau Patrón também é autora
do livro 71 leões, em que
compartilha reflexões sobre
os 71 dias que passou em
um hospital, enquanto o
filho estava na UTI
“Eu contava os dias em
leões, na época. Essa era
minha fantasia: todo dia
um leão a mais chegava
para fortalecer nosso
bando enquanto meu filho
tentava sobreviver”
Com o projeto VOZ, feito
em parceria com ONGs e
projetos em periferias
brasileiras, ela busca
ampliar a liderança de
outras mães atípicas em
prol da inclusão
“Eu vou até elas para
entregar o conhecimento
que acessei pelos meus
privilégios. Não é só
sobre dar voz. Tem gente
que não fala e ainda
assim tem sua voz”
Lau também é cofundadora
da PONTE, empresa de
educação para diversidade
e inclusão, formada em
conjunto com profissionais
de diferentes áreas
“Somos um time diverso
para resolver desafios
complexos de educação e
estratégia. A união de
vivências e trajetórias
no desejo de não deixar
ninguém de fora” 

é outra
conversa.