POR: nathalia zaccaro

Minha família tinha medo
do funk. Não entendiam meu
sonho porque não tiveram
tempo para sonhar”

Lellê é
nega braba

FOTO: DARYAN DORNELLES / TRIP

Lellê nasceu na Praça Seca,
periferia do Rio de Janeiro,
e sempre soube que não era
igual a ninguém

imagens: reprodução

Aos 11 anos, ela já era famosa
na comunidade (e na internet)
como a garota que dançava
funk de um jeito único

imagens: reprodução

Mas levou um tempo até que
conseguisse convencer a mãe
e a avó de que cruzar a cidade
para dançar passinho em outras
favelas era uma ideia razoável

imagens: midia ninja / reprodução

“Eu conhecia todo mundo
pela internet. Mas não
podia colar nos duelos.
O jeito era convencer
meu irmão mais velho
a ‘sharingar’ [copiar] os
passos que ele via no baile
e me ensinar tudo depois”

foto: reprodução

Aos 14, ela descolou o aval
em casa e começou a participar
de batalhas de passinho.
Foi a primeira menina a cavar
seu espaço no rolé, que até
então era totalmente
dominado por garotos

foto: alex batista / trip

“Minhas amigas falavam
para eu parar de participar,
porque era coisa de homem.
Os caras me mandavam ir
lavar louça. Era escroto.
Mas consegui ter meu espaço“

imagens: reprodução

O jeito original de Lellê
a levou a estrelar um clipe
publicitário durante a Copa
do Mundo de 2014, ao lado do
time dos sonhos do passinho
carioca. Ela foi a única
menina selecionada

imagens: reprodução

O sucesso do clipe foi imediato
e nasceu ali o Dream Team do
Passinho, grupo com o qual
Lellê se descobriu cantora
e se apresentou na abertura
dos Jogos Olímpicos em 2016
e no Rock in Rio em 2017

imagens: reprodução

“A primeira vez que eu fui
maquiada, produzida, foi
pra um clipe, 'Aperte o Play'.
Eu olhei no espelho quando
acabou e comecei a chorar.
E aí o maquiador: 'Ai meu Deus,
eu fiz alguma coisa errada'.
E eu falei: 'Não, é que eu tô
muito bonita e nunca tinha
me visto assim'“
Ainda em 2014, pintou o convite
para um teste de Malhação.
Ela nunca tinha atuado,
nem mesmo feito um teste,
mas foi. E passou

foto: rede globo / reprodução

“Foi aí que minha família
entendeu que o que eu estava
fazendo poderia ser uma
coisa boa. Até então, tinham
medo do funk, do passinho.
Não entendiam meu sonho
porque não tiveram tempo
para sonhar” 

foto: reprodução

A batalha é parte do
showInsistência é dom,
escreveu em 'Nega Braba',
sua primeira música solo,
lançada em 2018

imagens: reprodução

O título é uma referência
explícita ao temperamento
decidido de Lellê, mas é
também uma homenagem para
sua avó, Maria José 

foto: Daryan Dornelles / trip

Lellê passou a infância colada
na avó. Quando o pai morreu,
vítima de uma troca de tiros
na favela, ela tinha 6 anos.
Sua mãe e as duas avós se
uniram na criação da menina

foto: arquivo pessoal

“A maior estatística de
homem morto é homem
preto. Dentro da favela,
história paterna é sempre
complicada. Se você não tem
pai ausente, tem pai morto”

foto: Daryan Dornelles / trip

foto: Daryan Dornelles / trip

Com as matriarcas de
sua família, ela aprendeu
desde cedo como é o
feminismo na prática

foto: alex batista / trip

“A minha avó me falava:
'É isso, as pessoas tem que
te respeitar e você também
tem que respeitar as pessoas'.
Mas a primeira vez que eu
entendi que isso era feminismo.
Eu achei que era só uma
defesa… Então tá certo,
minha avó me criou bem!”
Agora a multitalentosa Lellê
se prepara para lançar seu
primeiro disco completo,
que deve chegar em 2022.
Vai ser quente!

imagens: reprodução

é outra
conversa.