POR: carol ito

Cantora desde os anos
60, a pernambucana se
tornou a cirandeira mais
popular do Brasil

A ciranda
potente de Lia
de Itamaracá

Fotos: Acervo Itaú Cultural / divulgação
Descendente do Povo Djoula,
da Guiné-Bissau, Maria Madalena
Correia do Nascimento nasceu
na Ilha de Itamaracá,
em Pernambuco, em 1944 
O nome artístico Lia de
Itamaracá foi inspirado na
música “Essa ciranda quem
me deu foi Lia”, composta
por Mestre Baracho, que
fez sucesso em 1969
Tocada pela canção,
Lia passou a promover
a ciranda onde morava e
a participar de festivais
de músicas da região
Mas foi só depois de
uma decepção amorosa, aos
25 anos, que ela decidiu
mergulhar de vez no sonho
de ser uma cantora famosa
Quebrando a tradição dos
mestres cirandeiros, ela não
compunha e nem improvisava,
simplesmente interpretava
O impacto de sua voz e
de sua presença no palco
a fez ser reconhecida como
“rainha da ciranda”, que
foi o nome do seu primeiro
disco, lançado em 1977
Além de misturar gêneros como
maxixe, coco e maracatu, sua
ancestralidade e beleza transitam
entre outras linguagens, como
a moda e o cinema
Versátil, ela cantou em 1998
no Abril pro Rock, festival
de Recife com forte influência
do Movimento Manguebeat
Com a apresentação, ganhou
destaque na imprensa e foi
chamada de “diva da música
negra” em uma resenha do
jornal The New York Times
Sua contribuição à cultura
a levou a ser considerada
Patrimônio Vivo de Pernambuco
e ao título de Doutora Honoris
Causa da Universidade Federal
de Pernambuco
Nos últimos anos, Lia
lançou seu quarto disco,
Ciranda sem Fim, em 2019,
e fez uma ponta no premiado
filme Bacurau como Dona
Carmelita, que aparece logo
nas primeiras cenas
Em 2022, ela ganhou uma
homenagem na Ocupação Itaú
Cultural, em São Paulo, com
fotos, documentos e vídeos
sobre sua carreira 
“Mergulhar nas águas de
Lia é conhecer um pouco
mais sobre uma parte
fundamental da história do
Brasil. Lia é única e muitas”,
afirmam as curadoras
Alessandra Leão e Michelle
de Assumpção

é outra
conversa.