Por: Juliana Cunha, professora, pesquisadora
e escritora

Vencedora do Nobel de Literatura
em 2022, a francesa mergulha
em experiências pessoais como
o aborto, o casamento e o divórcio
sem tentar caber em padrões
ou agradar à crítica

5 motivos
para ler
Annie Ernaux

#1
Ela é feministaça da melhor
estirpe porque fala a partir
de situações reais que viveu
(um aborto clandestino, um caso
extraconjugal, os casamentos
e divórcios) sem perder de
vista questões de classe,
o contexto histórico, e sem
ter uma visão idílica sobre
si mesma ou as mulheres
#2
A premiação da Ernaux é um tapa
na cara da crítica francesa,
que nunca engoliu o fato de ela
ter uma escrita sóbria e clara,
sem muitas firulas nem o psicologismo
noir estilo mulher profunda
e misteriosa que se espera
das escritoras francesas
#3
Um dos grandes temas de Ernaux
é o sentimento de traição e
inadequação por ter ascendido
socialmente. Ela se considera
uma pessoa “transclassial” por
ter passado de filha de operários
numa roça da Normandia a
professora e escritora em Paris
#4
Ela não tenta caber no padrão
que os leitores e editoras
costumam gostar. É muito difícil
que uma literatura de não-ficção,
produzida por uma mulher e toda
baseada em sua vida pessoal,
seja valorizada pela crítica
– e pelos leitores
#5
Quase todos os livros
de Annie Ernaux são curtos
– alguns têm 70 páginas, dá
pra ler rapidinho. “O Lugar”,
“Os Anos”, “O Acontecimento”
e “A Vergonha" são títulos
já editados em português

é outra
conversa.