por Juliana Menz
Tpm #118

Pioneira do kite no Brasil, Carol Freitas vai lançar livro narrando expedição à Patagônia

É difícil imaginar que Carol Freitas, 30 anos, hoje pentacampeã e campeã sul-americana de kitesurf, ficaria receosa nas águas calmas do lago Argentino, próximo ao glaciar Perito Moreno, na Patagônia. “Caiu a ponta de um iceberg e fez um estrondo enorme, tive medo. Percebi a fragilidade do ser humano”, lembra ela. Passado o susto, aproveitou para surfar na marola que se formou. “Acabou sendo divertido, os turistas que estavam por perto até aplaudiram”, conta a atleta.

A viagem de dez dias à Patagônia, que aconteceu no fim de 2010, fez parte da primeira edição do projeto Rotas, idealizado por Carol e mais três amigos, parceiros de competições. “Escolhemos a Patagônia por ser um lugar na América do Sul, perto do Brasil, lindíssimo e muito pouco explorado”, explica ela. Fotos e depoimentos registrados durante a viagem fazem parte do livro Expedição Patagônia, que tem lançamento previsto para abril. “Estamos entusiasmados, já temos até o próximo destino do projeto: Galápagos [a oeste da costa do Equador]”, comemora.

Nascida em Niterói, Carol sempre foi do mar. Velejou dos 15 aos 18 anos e, aos 19, começou no kitesurf, que treina quando tem vento, e, na falta dele, se dedica ao stand-up.

Filha de peixe

A relação dela com o mar, porém, não é só de alegrias. Quando tinha 2 anos, o pai da atleta, o campeão mundial de pesca submarina Carlos Freitas, morreu atropelado por uma lancha, em Angra dos Reis, aos 32. A mãe, Yara Freitas, lembra com tristeza o dia do acidente, mas nunca impediu a filha de se aproximar da água. “A felicidade da Carol é o mar e eu sempre a incentivei a fazer o que gosta”, diz Yara. “Nunca proibi minha filha de fazer algo por medo”, completa. Apesar de não lembrar 
do pai, Carol tem uma ligação muito forte com ele. “O mar é o lugar onde me sinto mais segura, peço proteção para meu pai, peço vento para melhorar meu desempenho”, conta, rindo.

Profissão férias?

Ilhas Canárias e Tarifa, na Espanha, Los Roques, na Venezuela, Oahu, no Havaí. Carol já carimbou o passaporte nos lugares mais paradisíacos do mundo, mas a rotina de competição costuma ser corrida. “Em Tarifa eu tinha quatro horas free, peguei um ferryboat e em meia hora estava no Marrocos. Passei duas horas nesse país incrível”, lembra ela.

Por estar sempre em trânsito, Carol demorou para se formar em relações públicas, mas não se arrepende. “Não existe maior ensinamento do que viajar. Você aumenta seu círculo, conhece outras culturas, aprende outros idiomas”, afirma a atleta, também com MBA em marketing.

Foram as viagens que a impulsionaram a criar o projeto Rotas, que quer transformar em livros-guias, como o que está para ser lançado. Quando não está em trânsito, Carol se dedica à loja Raja Bra, que vende equipamentos de kitesurf e stand-up paddle, na qual é sócia do marido, Poli Ferari, também atleta , por hobby, das duas modalidades. Ela até pensa em diminuir o ritmo dos campeonatos,
mas não abre mão de praticar esportes na água. “Ser atleta é muito mais do que só ganhar e competir. Ser atleta é servir de inspiração para outras pessoas”, finaliza.

Vai lá: Expedição Patagônia – Projeto Rotas, ed. Agência Guanabara. Em abril, nas livrarias do país

 

 

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