"Sim, você arrasa. Acredite!"

por Redação

Roberta Martinelli mediou papo sobre síndrome da impostora com Claudia Ohana, a youtuber Ana Paula Xongani e a coach Ana Leme

“Que bom que o tema é este porque eu estou me sentindo a própria impostora”, brincou a jornalista Roberta Martinelli no início da mesa “Sim, você arrasa. Acredite!”, sobre a Síndrome da Impostora, fenômeno em que muitas mulheres não se sentem suficientes para cumprir uma tarefa, ainda que sejam mais do que capacitadas. Ela mesma contou que, em seu meio de trabalho —  o jornalismo musical — , diversas vezes se sentiu insuficiente ao estar rodeada de colegas do sexo masculino.

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Roberta convidou a atriz Claudia Ohana, a coach Ana Leme e a apresentadora Ana Paula Xongani para se juntarem a ela nessa discussão, que encerrou o segundo dia de Casa Tpm.

“Por que será que as mulheres têm que sempre se provar mais que os homens? A mulher tem essa pressão, esse olhar do homem sobre o que a gente está fazendo como se a gente não fosse conseguir. Igual quando vamos estacionar o carro na rua: sempre vem um homem ajudar. Somos educadas assim e os homens, não”, pontua a atriz.

Os dados refletem a sensação de Claudia, de Roberta e de tantas outras mulheres: estudos apontam que mulheres só se candidatam a uma vaga de emprego quando preenchem 100% dos requisitos, enquanto os homens se aplicam ao atingir apenas 60% do que se pede para o trabalho. 

“Lido com o tema carreira, com consultoria e treinamento, há mais de dez anos e nunca vi um homem chegar falando que não está preparado ou que acha que não vai dar conta. Não que ele não sinta esse medo, mas eles não acessam com tanta rapidez e espontaneidade quanto nós. Tem a ver com o patriarcado, que criou esse mito”, explica Ana. 

Ela lembrou ainda que, em um de seus grupos de estudo e pesquisa, notou que meninas de 5 e 6 anos já se sentiam inferiores aos meninos na escola pelo simples motivos de serem meninas.

Ana Paula trouxe para discussão seu ponto de vista como mulher negra. “Quando falamos que precisamos fazer o dobro para conseguir metade, a gente fala do que muito mais do que 100% da qualificação. Mas quem é mais que 100%?”, questionou.

“Eu me sinto uma impostora sempre que me sinto sozinha. Quando chego e sou a única negra ou quando somos poucas. Mas sempre que eu penso nisso, a palavra ‘síndrome’ me lembra algo que nasce e cresce em mim, e eu não acredito nisso. É mais sobre o outro. Nós, mulheres, somos colocadas nesse lugar, especialmente as mulheres pretas. Por mais que essa síndrome me atinja, meu exercício é pensar o quanto isso é meu e o quanto é do outro sobre mim.”

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Para lidar com essa sensação, Ana Paula divide com a plateia o que tenta ensinar para sua filha, Ayoluwa, de 5 anos. "A síndrome da impostora desvaloriza o processo. Sabe quando você acha que estava no lugar certo, na hora certa? Ao longo da vida, a gente acumula experiências, habilidades, inteligência emocional. Valorizem seus processos. Tudo pode ser um aprendizado. Falo isso para ela porque, conhecendo cada processo, ela vai entender, quando tiver resultados, que isso veio de tudo que ela passou”, reforçou. "Quando ganhei minha primeira protagonista, eu me perguntava: 'Como eu consegui fazer aquela protagonista. Eu não sou boa atriz'. Eu me sentia impostora. Só fui gostar de mim como atriz quando fui fazer teatro profissional", contou Claudia.

Já para o fim da mesa, Ana Paula destacou que tem feito o que considera de vital importância: "Estou construindo esse lugar em mim, esse lugar de poder errar. E, para isso, a gente precisa respeitar a falha do outro. Tem que fazer esse exercício. Eu não preciso fazer tudo".

Créditos

Imagem principal: Agência Ophelia

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