"Quem vê cara não vê sucesso"

por Redação

A cantora Lellê, a psicóloga Joana de Vilhena Novaes, a modelo Fluvia Lacerda e a empresária Julia Petit pensam sobre qual é a cara do sucesso

Quem vê cara não vê sucesso. O impacto dos padrões de beleza na construção da identidade e da autoestima feminina foi assunto da mesa que reuniu a cantora Lellê, a empresária Julia Petit, a modelo Fluvia Lacerda, a psicanalista Joana Vilhena de Novaes e a jornalista Cris Naumovs. "A gente precisa pensar sobre essa premissa que diz que ser magro e ser jovem é estar bem", disse Joana. "Comer está associado a uma questão de caráter e as pessoas estão desenvolvendo uma relação odiosa com o próprio corpo", completou.

Assista na íntegra o que rolou no papo:

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Apesar dos muitos anos de carreira de sucesso, Fluvia sempre foi identificada como a "Gisele Bundchen" plus size. "Tenho total admiração por ela, mas, depois de 16 anos ralando, tenho o direito de ter crédito pelo que fiz com o meu nome, sendo gorda. Eu nunca consegui entender porque eu tinha que viver em guerra com meu corpo", disse Fluvia. Cris explicitou o quanto a visibilidade da modelo é importante e empoderadora para outras mulheres. "Nesta encarnação, eu não vou conseguir fazer o que ela faz: colocar um biquinão e tirar uma foto. Vê-la fazendo isso tem uma dimensão enorme para mim", contou.  

Lellê trouxe a pauta da negritude para a conversa: "Eu cresci já alisando o cabelo, minha mãe fazia isso em mim e nela. Demorei para me reconhecer natural, do jeito que sou. Era uma tentativa de me incluir no que era 'bonito', mas, na verdade, estava fazendo o contrário, sem saber. Foi só depois que parei de alisar que me entendi mais como mulher e como negra."

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"As pessoas têm relações muito adoecidas com a própria imagem e isso é uma questão de saúde pública", complementou Joana. Julia, que lançou recentemente uma marca de cosméticos, a Sallve, dividiu com a plateia os desafios da empreitada. "Além de desenvolver o produto, a tecnologia, temos que pensar sobre como falar com as pessoas do jeito como elas gostariam que a gente falasse, sem lidar com inadequação o tempo inteiro."

"Como que a gente faz para parar de pressionar outras mulheres? Porque a gente faz isso com a gente o tempo todo", indagou Cris. Joana falou um pouco sobre as entrevistas que fez com mulheres que se submeteram a cirurgias estéticas e trouxe para a conversa o impacto da vontade de se manter como objeto do desejo masculino. Lellê mandou: "Se a gente continuar se encaixando no olhar masculino, a gente vai ser infeliz para o resto da vida. E estar aqui hoje falando sobre tudo isso é, pra mim, um sucesso do caralho."

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Para terminar, Cris perguntou às convidadas: o que é sucesso? A resposta de Fluvia foi direta e inspiradora: "Para mim, é viver a minha verdade. Nunca sucumbi à pressão, nunca tentei me conformar em caixinhas. Fui tropeçando. Nunca me senti acuada por determinações de terceiros, nunca foi uma coisa que afetou a minha cabeça de forma alguma. Sucesso, para mim, é ser verdadeira comigo mesma". 

Créditos

Imagem principal: Agência Ophelia

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