Preparada para o filme de terror do Natal de 2016?

por Nina Lemos

O petralha vai gritar que foi golpe, o primo Bolsonaro vai pedir a volta dos militares, o Black Bloc de Natal vai botar fogo e o isentão natalino vai pedir calma. Medo!

“O que me pega é pensar que ainda tem o Natal”. Uma amiga fala isso e começa: “sabe como é, na minha família são todos golpistas, minhas primas são contra o aborto, tenho um primo que gosta do Bolsonaro. De imaginar, estou com vontade de vomitar”. No grupo de Whatsapp onde nós, mulheres de esquerda, conversamos diariamente, todas começam a lamentar. “Estou em pânico. Não sei como vou sobreviver, ainda mais eu, eu que sou mãe solteira. Não vou aguentar.”

Esse ano já teve tragédia, Trump, golpe (ou impeachment, você decide), Eduardo Cunha preso, pato, Garotinho e... o que esperar do Natal de 2016 se nem no Facebook nos aguentamos mais?

Medo. Correria. Confusão.

Foi-se o tempo em que o maior terror do Natal era “só” aguentar uma tia avó perguntando quando você ia casar. Sim, o Natal sempre foi o terror das solteiras, dos gays no armário e dos adolescentes esquisitos (de qualquer idade) que sempre podem ter um momento de Louco do Natal ( aquele que se tranca no quarto chorando todos os anos ou briga com as pessoas). Imagina tudo isso em 2016?

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“Só sei que na minha família vai dar muita confusão”, diz uma amiga. Em tempos de ódio, imaginem só! Toda família tem petralha, isentão, mortadela, coxinha, reaça. Nesse dia, eles vão se encontrar. “Será que na sua família as pessoas vão se matar? “Tomara!”, responde meu amigo, dando o tom apocalíptico do que pode vir.

Nesse ano, provavelmente teremos:

O black bloc do Natal: aquele que vai chegar querendo tacar fogo em tudo, o terror, como esse meu amigo que espera que todos se matem na ceia.

O isentão natalino: esse vai olhar para a briga com cara de superior e dizer que todos têm que fazer auto critica e pensar no seu eu superior.

O eu avisei: a pessoa que acha que foi golpe vai dizer que avisou. A pessoa que não acha que foi golpe também, afinal, ela avisou que não era para votar na Dilma. No fim, todos vão ser eu avisei. Até o isentão natalino, que avisou que todos andavam inflamados demais.

O Bolsonaro: esse pode aparecer em algumas famílias (espero que não seja o seu caso). Mas vai chegar gritando que só os militares podem salvar, que tem saudade dos militares. E que está cansado, muito cansado, dessa família cheia de black blocs gays e de feminazis.

O Jean Wyllis: em algumas famílias teremos também o que vai reagir ao ser agredido por um Bolsonaro.

Alguns conselhos

Fique longe das panelas (vai que aparece alguém na televisão e as pessoas comecem a bater?) e lembre-se que o Papai Noel não é comunista porque usa roupa vermelha - ele sempre foi assim!

Melhor fazer o louco. Pense que você está em uma fila de supermercado no dia seguinte a uma manifestação e finja que não está ouvindo nada. Concorde com todos. E quando ficar muito difícil, lembre-se que em uma semana chega o ano novo. E que lá você vai, finalmente, poder gritar: CHUPA, 2016! E nessa acho que vai ter até mortaldela abraçando coxinha!

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