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por Redação

Compositor fala de Los Hermanos, da carreira solo e da vida de casado

Marcelo Camelo é um dos mais interessantes e talentosos músicos brasileiros surgidos nos últimos anos e suas apresentações, sejam as em carreira solo ou em parceria com seu antigo grupo, movimentam hordas de fãs. Carioca, se formou em jornalismo na PUC-RJ, mas dizem que nunca foi buscar o diploma. Ainda no fim do curso alternava em sua máquina de escrever textos para o fanzine do qual fazia parte, voltado para a cena musical carioca, e suas próprias composições.

Como todos podem imaginar, o sobrenome já chamava a questão desde muito antes de tudo isso. "Tenho um amigo que falava que eu tava no portfólio de Deus. Porque meu nome é Camelo e diziam que eu tinha cara de camelo", ele brinca. "Mas tem sobrenomes bem piores, né? Vocês têm que concordar."

Em 1997 formou a banda que o lançaria definitivamente no mercado musical nacional, o grupo Los Hermanos, banda que tem comportamento parecido com o das partículas quânticas, às vezes ela aparece, faz alguns shows, para logo depois sumir sem previsão de volta. Em 2008 lançou seu primeiro disco solo, o Sou, e no ano passado sua mais recente obra, o álbum Toque Dela.

 

"O dia a dia, o trânsito, a padaria, o esbarrão, tudo isso aqui em São Paulo é mais arredondado, mais calmo, tem fade in e fade out"

 

No estúdio da Trip, o compositor falou de Los Hermanos, carreira solo, vida de casado e suas impressões da vida em São Paulo após uma longa temporada vivendo no bairro de Pinheiros.

"A coisa que mais me surpreendeu foi a boa-pracice do paulistano e como o trato entre as pessoas é mais arredondado e menos vil. No Rio tem um subtexto meio vilanesco e as pessoas em média são mais pontiagudas", comenta. "Mas isso não significa que elas se odeiem mais ou se sacaneiem mais do que aqui. Mas o dia a dia, o trânsito, a padaria, o esbarrão, tudo isso aqui em São Paulo é mais arredondado, mais calmo, tem fade in e fade out."

 

"Vejo a profissão de músico como a de padeiro: uma profissão técnica, que envolve um certo aprofundamento, onde você tem que se aperfeiçoar sempre"

 

Camelo relembrou também o assédio e a mudança de direcionamento na carreira do Los Hermanos, que em seu segundo disco teve que vencer a pressão imensa de ter estourado com um hit massivo, "Anna Julia".

"Eu tinha de 19 para 20 anos quando "Anna Julia" estourou. Então muito cedo eu aprendi a me distanciar. Vejo a profissão de músico como a profissão de padeiro: uma profissão técnica, que envolve um certo aprofundamento, onde você tem que se aperfeiçoar sempre", Camelo compara. "Pra nós a questão da "Anna Julia" foi mais um problema do que uma alternativa. Em muito curto prazo virou uma coisa da qual a gente queria se livrar e tocar a vida pra frente. A gente teve que lidar com a presença da música e isso pra nós foi uma coisa que a gente tinha que driblar."

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 20h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

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