Livre para saudar

por Luara Calvi Anic

MC Tha celebra suas origens musicais e sua religiosidade em novo trabalho

Os cabelos de MC Tha indicam que ela está em uma fase importante. “Meu cabelo é minha principal afirmação, minha força está nele. Já mexi muito nos fios, ter aquietado significa que estou muito bem”, diz à Tpm. Thais Dayane da Silva, 26, começou a cantar em bailes funk de Cidade Tiradentes, periferia de São Paulo. Seu primeiro single, “Olha Quem Chegou” (2014), trazia a estética do funk nas letras, no ritmo e no estilo da MC. Foi produzido por Jaloo, que virou amigo e parceiro musical.

Neste fim de semana, ela tem uma programação intensa: abre um show para Jaloo na Virada Cultural de São Paulo (no domingo, 19) e ela está na programação do Festival Meca (nesta sexta, 17), em Inhotim, o instituto de arte contemporânea em Brumadinho (MG).

Jaloo também participa de uma das canções de Rito de Passá, disco que ela lança em junho. Um single homônimo, que ela finalizou este ano, traz uma vibe diferente de seu primeiro trabalho, mas sem perder sua identidade, como ela mesma canta: “Cantar e dançar para saudar o tempo que virá, que foi, que está”. A produção continua seguindo a linha do funk contemporâneo, mas as composições remetem a Tincoãs (que teve Mateus Aleluia entre seus integrantes) e outros grupos de música brasileira de matriz africana. “Me sinto livre. Na época do primeiro single, era muito apegada com a cena do funk e achava que ao seguir outros caminhos estaria traindo o movimento. Hoje, faço a música que quiser.”

No clipe, ela mostra também a sua religiosidade. Desde 2016, Tha frequenta um terreiro de umbanda, onde é médium. “Na periferia, a grande maioria é evangélica. Mas teve uma época que eu queria conhecer outras religiões, e estou lá até hoje. Morria de medo das pessoas se afastarem de mim, mas desde que comecei a afirmar minha religião recebo um monte de mensagens. As pessoas precisam de alguém que se posicione para também botar para fora suas descobertas”, diz.

Créditos

Imagem principal: Fernanda Liberti/Divulgação

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