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por Redação

Ambientalista detona: ”precisamos melhorar a capacidade de administração das cidades”

Diretora executiva da ONG Águas Claras do Rio Pinheiros, Stela Goldestein é sinônimo de ambientalismo no Brasil. Ela milita na área de urbanização com foco no meio ambiente desde 1975, muito antes de termos como “ecologia”, “sustentabilidade” e “orgânico” caírem no gosto popular. 

Formada em Geografia com especialização em Planejamento Urbano pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a famosa FFLCH, ela trabalhou em diversos setores da Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista. Desenvolveu projetos e programas para gestão de recursos hídricos, desenvolvimento regional, planejamento urbano, saneamento, habitação e planejamento ambiental. Foi Secretária Estadual do Meio Ambiente na Gestão Mário Covas, Secretária Municipal na gestão Marta Suplicy e assessora do prefeito e depois governador José Serra, tudo isso antes dirigir a entidade sem fins lucrativos formada por pessoas e empresas interessadas na recuperação ambiental do Rio Pinheiros e de seus afluentes.

No Trip FM, a ambientalista conta o quão fundo é o buraco em que a gente está metido quando o assunto é meio ambiente e urbanismo:

"Nós abandonamos e ignoramos os caminhos das águas em São Paulo. E elas se vingam de vez em quando", disparou a especialista. "É preciso rever a forma que lidamos com a drenagem da cidade. Isso já é possível hoje. Não há uma única solução, mas a primeira coisa que temos que fazer é completar os investimentos na retirada do esgoto dos rios. Há muitas outras coisas para se fazer em paralelo, mas antes de mais nada precisamos parar de lançar esgoto nos nossos rios. Isso tem que ser acelerado, mas só isso não é o suficiente."

"Nós abandonamos e ignoramos os caminhos das águas em São Paulo. E elas se vingam de vez em quando"

 Em tempos de Rio+20 e às vésperas do mês do meio ambiente, comemorado anualmente em julho, depoimentos de pessoas versadas no assunto como Stela são de uma importância incontestável. Na entrevista, ela deu números assustadores sobre o volume de esgoto produzido em São Paulo.

"Só na região do Rio Pinheiros, levando em conta os resíduos produzidos desde a Avenida Paulista até a margem e desde a região de Embu até a outra margem, são lançados 17m³ por segundo de esgoto. Desses, pelo menos 15m³ são coletados pela rede. Mas nem todo esse esgoto coletado vai para a estação de tratamento. Mesmo o esgoto coletado, que não vai direto para o rio, acaba chegando às nossas águas por falta de uma rede mais completa. Todo o esgoto tem que ser tratado, mas isso não acontece hoje em São Paulo."

"Todas as cidades brasileiras hoje vivem esse mesmo tipo de problema. Estamos muito atrasados em investimentos de saneamento e proteção de mananciais", continua a ambientalista. "Hoje vivemos o drama do crescimento intenso adensando espaços que não foram preparados, não tiveram o investimento necessário e com administrações sem capacidade de gestão para problemas tão complexos. A população quer e precisa de espaços de qualidade. Nós precisamos melhorar nossa capacidade de administração das cidades."

O Trip Fm vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 20h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

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