por TNT Energy Drink

Uma conversa sobre apropriação cultural e empatia

apresentado por TNT Energy Drink

“Não seria problema um branco usar turbante se o negro de turbante não corresse risco de vida. Tem a frase ‘é superlegal ser negro se você não for negro’. É preciso ultrapassar a estética”

Na quinta-feira, o TNT Lab trouxe para o São Paulo Fashion Week uma discussão sobre apropriação cultural e disseminação da cultura afro. Antes de subir ao palco, a cantora Tássia Reis resumiu o papo do dia: “Não teria problema um branco usar turbante se o negro de turbante não corresse risco de vida e fosse atacado na rua. Tem uma frase que diz ‘é superlegal ser negro se você não for negro’. É preciso que as questões ultrapassem a estética”. Para ela, ter empatia e reconhecer privilégios é o começo para entender essa tal de apropriação cultural. Foi assim o ritmo das conversas com a estilista Cynthia Mariah e com o músico e empresário Evandro Fióti no palco do lounge do TNT Energy Drink na tarde desta quinta-feira.

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Fióti contou a trajetória do Laboratório Fantasma, empresa que fundou com o irmão Emicida, e falou da cultura negra na moda. “Pra mim, o que conta são as atitudes da pessoa, ver que ela respeita os elementos da cultura negra”, disse. E sobre os discursos inflamados que envolveram os debates sobre o assunto nas redes sociais, completou: “Não é só quando falamos de apropriação cultural que vemos o discurso de ódio. Falta respeito e empatia em todas as discussões”.

Ano passado, Fióti e o irmão apresentaram a coleção Yasuke feita em parceria com o estilista João Pimenta, no SPFW. “A gente criou a coleção da LAB pra dar continuidade ao que já fazíamos com a música”, explica. A produção, que começou com camisetas de banda para divulgar a carreira, deu lugar a um propósito muito maior. “O Brasil ainda é um país extremamente machista, racista e homofóbico. É um processo de construção incluir nosso povo em um ambiente em que a gente é discriminado.” Sobre o desfile, confessa: “O impacto que causou não foi intencional, nós só trouxemos para o evento o que a gente é. Mas mostramos que a ponte pode ser feita e isso marcou ”.

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Já Cyntiha Mariah falou para a apresentadora Aretha Sadick sobre sua trajetória como estilista e do trabalho de pesquisa na Associação Nacional de Moda Afro-brasileira. Ela explicou que apropriação cultural pode ser respeitosa ou desrespeitosa, mas leva sempre esse nome. “Na moda, a apropriação pejorativa acontece quando usam um elemento de outra cultura apenas como produto, sem respeitar a origem. Usar elementos indígenas como fantasia, por exemplo, não é legal”, diz. E deu um exemplo de si mesma: “Eu não uso turbante branco por respeito a quem usa por questões religiosas” – a peça tem simbologia importante no candomblé.

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Assim como a estilista, Tássia se preocupa em incentivar o afro empreendedor na hora de consumir moda. “Estamos à margem, esse incentivo é fundamental”, fala exibindo o macacão da marca Dresscoração, das irmãs Loo e Luma Nascimento. E faz questão de lembrar: “Precisa ter desfile negro, mas não podemos estar presentes apenas em ocasiões temáticas”. Fióti também dá a letra: “Se nós, da periferia, não nos apropriamos do mercado, ele mesmo vai fazer isso sem nós. E veja, desfilarmos na semana de moda não é oportunidade, é luta, fruto de muito soco e voadora”.

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Créditos

Imagem principal: Pablo Saborido

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