por Bruna Bittencourt

Documentário repassa os 30 anos do Sepultura, mas sem a participação de Max e Iggor Cavalera

"Max e Iggor Cavalera se recusaram a participar deste filme", explicam os créditos finais de Sepultura endurance – algo que já dá para desconfiar nos primeiros 15 minutos do documentário, que repassa os 30 anos da banda de metal, quando esperamos em vão por alguma fala dos irmãos. Max deixou o Sepultura em 1996, seguido por Iggor dez anos depois. O grupo, até hoje a banda brasileira mais conhecida fora do país, seguiu adiante. Da formação inicial ficaram o baixista Paulo Xisto e o guitarrista Andreas Kisser, fio condutor do filme, que chega aos cinemas brasileiros em 15 de junho. O diretor Otavio Juliano (A árvore da música) conta que os irmãos Cavalera foram procurados diversas vezes ao longo dos seis anos de filmagens do documentário.

Sepultura endurance acompanha turnês recentes da América do Norte à Ásia e volta a Belo Horizonte para lembrar a formação da banda, na década de 80. "Fiquei abismado com a cena genuína deles", diz João Gordo, do Ratos de Porão, sobre a capital mineira naqual época. O filme passa pelo sucesso de Schizophrenia (1987), que colocou o Sepultura no mapa-múndi da música, o contrato com a importante gravadora holandesa Roadrunner e o mix de metal com elementos da música brasileira que a banda criou na década de 90 – "Kaiowas", faixa do disco Chaos A.D (1993), tem clara referência à música caipira, enquanto o disco Roots (1996) traz gravações com uma tribo xavantes, além da participação de Carlinhos Brown, que não foi ouvido para o filme. "Era um DNA totalmente diferente", comenta Lars Ulrich, baterista do Metallica. "Era tribal", diz Corey Taylor, vocalista do Slipknot. O documentário ainda traz depoimentos de David Ellefson (Megadeth), Phil Campbell (Motorhead), Scott Ian (Anthrax) e Phil Anselmo (Pantera).

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Mas naquele mesmo 1996, "quando o Sepultura estava a caminho de virar o Metallica", a crise explodiu. "A relação do Max com a Gloria [Bujnowski] foi o que atrapalhou. Ela não estava representando o Sepultura, mas ele", diz Kisser no documentário, sobre a então empresária do grupo, além de mulher do guitarrista, demitida pelos os outros três integrantes (incluindo Iggor) – um capítulo bem complexo na história da banda, mas muito breve no filme. Max decidiu deixar o Sepultura, que se viu sem vocalista, empresária e gravadora. No ano seguinte, Derrick Green foi escolhista como o nova voz do quarteto. "A gente não queria achar um clone do Max", explica Kisser. Dez anos depois, em 2006, Iggor também saiu. "Ele não estava no Brasil e nem com a cabeça na turnê", diz o guitarrista. Depois dele, o grupo ainda teve que lidar com a saída de outro baterista, Jean Dolabella, que sumcumbiu às longas turnês da banda.

O filme toca no velho tema sobre a dificuldade de seguir adiante como uma banda depois de tanto tempo – o Metallica chegou a contratar um terapeuta disponível full time em estúdio para conseguir gravar o álbum St. Anger (2003). Os irmãos Cavalera voltariam a se reunir em 2007 no Cavalera Conspiracy e na turnê de 20 anos do álbum Roots, no ano passado, o que não foi lembrado pelo documentário. Sem eles, fica faltando um pedaço importante da história do Sepultura.

Créditos

Imagem principal: Pistenwolf

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