Identidades hormonais

A natureza é a mais rica, rápida e segura fonte de inspiração para resolver os problemas da nova sociedade humana

Caro Paulo,

Fiquei feliz quando o Renan me contou que o tema desta edição era “hormônios” porque minha vida é explicar a função da glândula timo, que faz parte do nosso sistema imunológico e é a inspiração original do nosso trabalho na Thymus. Mas fiquei curioso com a abordagem que a redação vai dar. Quero ver.

O tema é fascinante para quem admira o design da natureza e, por consequência, o do corpo humano. Como um tiete compulsivo, vejo a natureza como a mais rica, rápida e segura fonte de inspiração para resolver os problemas da nova sociedade humana, que funciona cada vez mais como um sistema vivo – portanto, sujeito às regras da biologia.

Eu estou muito bem acompanhado nesse fã-clube da natureza.

Já falamos aqui da biomimética, a disciplina que usa as soluções da natureza como inspiração de soluções para os problemas da cultura humana. (Google it.) Eu fiz isso quando definimos a metodologia e escolhemos o nome Thymus para a empresa de consultoria que criamos em 1997, exatos 20 anos atrás. Naquela época, eu nunca tinha ouvido falar em biomimética nem em branding, mas sabia que identidade era a coisa mais importante para seres vivos continuarem vivos e saudáveis.

Este aprendizado veio aos poucos. Começou na década de 80, quando Arie De Geus lançou o livro A empresa viva: como as organizações podem aprender a prosperar e se perpetuar. Foi aí, em 83, que construímos o conceito de que “comunicação é exercício de identidade”.

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O segundo momento foi quando me interessei em saber por que meus amigos estavam morrendo de aids e descobri a glândula timo, que produz hormônios e células que definem nossa identidade e assim mantém boa parte do nosso sistema imunológico em funcionamento.

A aids é exatamente o desarme do sistema imunológico por meio da perda da identidade que o sistema deve proteger. Então, apesar de você ter anticorpos, o sistema, não sabendo quem é você, não identifica que é o vírus que invadiu seu corpo. Sem a informação de quem é o inimigo, os anticorpos ficam de bobeira, os vírus fazem a festa e você dança.

Entre um velório e outro, fui tendo certeza de que a aids era a doença da época e que a consciência de identidade era a lição de casa, a condição para qualquer pessoa, empresa ou cidade ter sucesso num mundo tão mutante, diverso e imprevisível como o atual.

Entendi que os hormônios existem para o ser humano continuar vivo, mudando e saudável, apesar de tudo que o emociona, machuca, diverte, excita, preocupa, surpreende, pressiona e satisfaz.

Apesar? Não! É para que o ser vivo possa viver tudo isso e realizar seu potencial, sua unicidade. Porque esse é o propósito do nosso corpo! São os hormônios que viabilizam nosso corpo cumprir seu propósito – que é se manter em equilíbrio – para que possamos usá-lo conforme nossas intenções.

Pronto, essa é a minha história de como os poderosos hormônios me ajudam a viver melhor tanto como pessoa física quanto jurídica. Agora quero ver qual a sua.

Abraço do amigo Ricardo.

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