O cético e o crente

por Ricardo Alexandre
Trip #212

Diferentes correntes de pensamento com a luta pela preservação natural em comum

O criador do conceito de “verdade provisória” vem ao Brasil pela primeira vez para uma palestra

O pesquisador e escritor americano Michael Shermer é uma página à parte da barulhenta turma neoateísta. Primeiro, porque se diz desconfortável com o rótulo “ateu”, preferindo se dizer “cético” – foi assim que batizou a revista que fundou em 1992, Skeptic. Seu trabalho junto à Skeptic Society, como palestrante e articulista na Scientific American, é famoso menos pelo discurso antirreligioso e mais pelo trabalho de divulgação sobre mudanças climáticas e por educar crianças contra “esquisitices” como abduções alienígenas e criaturas lendárias. “O ceticismo é um método, não uma posição”, escreveu Shermer. “É uma abordagem provisória das afirmações.” De alguma forma, sua visão de divulgação científica e sua posição cética do próprio racionalismo acabaram o vinculando à escola de biologia cultural do neurobiólogo chileno Humberto Maturana, que há décadas defendia que a melhor maneira de viver é prestando atenção aos seres vivos.

Shermer vem ao Brasil pela primeira vez para participar do próximo Fronteiras do Pensamento, o seminário internacional sobre cultura e pensamento que começou em São Paulo em abril e que vai até outubro com oito conferências. Em sua palestra de 29 de agosto, Shermer vai tratar do que chama de “psicologia da crença”.

Vai lá: www.fronteirasdopensamento.com.br e www.skeptic.com


Movimento Creation Care prega a sustentabilidade entre cristãos como ferramenta espiritual

Os religiosos, especialmente os cristãos, sempre foram uma pedra de tropeço para o movimento ambientalista. Aquele papo de “enchei a terra e sujeitai-a” sempre foi lido como uma licença divina para a exploração irrestrita das fontes naturais. Em uma pesquisa do Instituto Lifeway Research de 2011, foi revelado que 41% dos pastores americanos discordam fortemente dos perigos do aquecimento global. “Deus nos chamou para ganhar almas para Jesus, e não para cuidar da criação”, afirmou a evangelista Jan Markell, numa declaração típica do pensamento dominante entre os evangélicos americanos. Entretanto, o movimento conhecido como Creation Care tem disseminado uma compreensão inversa entre igrejas e movimentos protestantes.

“Deus é o criador de todas as coisas, então nós prestamos atenção à sua criação”, diz Calvin B. DeWitt, professor de estudos do meio ambiente da Universidade do Wisconsin-Madison e autor do livro Earthwise: A Guide to Hopeful Crearion Care. “Pensar o contrário é tão estranho quanto dizer: ‘Eu adoro Rembrandt, mas não ligo para suas pinturas”.

A expressão “Creation Care” (cuidado com a criação) foi cunhada pela Evangelical Environmental Network, uma instituição que tem ganhado atenção por sua atuação política, pelo material de estudo ecológico distribuído em igrejas e por apoiar programas que vão da conscientização dos riscos do mercúrio em recém-nascidos ao aquecimento global.

Vai lá: http://creationcare.org

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