Mulher de classe

por Millos Kaiser
Trip #192

Mulher de classe

A gaúcha Guisela Rhein mora em Nova York, fala quatro idiomas e é uma das modelos brasileiras mais disputadas da atualidade. Mas sua classe é inata

Guisela Rhein é uma mulher de classe. Isso não tem nada a ver com ela estar hospedada no hotel Fasano durante o nosso encontro, morar em Nova York, falar quatro idiomas ou ser uma das modelos brasileiras mais incensadas da atualidade. Classe não se compra, é algo de que os dicionários não dão conta, um atributo que ou você tem ou não tem. E Guisela tem de sobra. Senta com classe, mexe no cabelo com classe, fala com classe, não fala com classe... até chora com classe.

Seu nome é a versão alemã para Gisela, uma homenagem aos bisavós que eram imigrantes germânicos. A moça nasceu há 25 anos na “fantástica fábrica de modelos”, também conhecida como Sul do Brasil, mais exatamente em Caxias do Sul. No entanto, com essa pele dourada você podia jurar que ela é carioca, até os primeiros “bah” e “tchê” pularem de sua boca.

Com 17 anos tornou-se modelo e fugiu de sua cidade rumo à dominação mundial. “Relutei muito até entrar na carreira de fato. Era rebelde, andei de skate toda a minha adolescência. Mas foi bom, pois minha fase de loucuras, bebedeira, foi toda com meus amigos na minha cidadezinha. Isso me deu uma base. O que mais tem por aí é modelo jovem pirando”, conta.

O piano do saguão do hotel começa a tocar, a voz de Guisela encaixa-se perfeitamente na melodia. Sentada como uma rainha na enorme poltrona de couro, ela está sem maquiagem, o cabelo solto, usando um cordão de ouro simples, uma suéter creme, calça jeans e um All Star preto de cano alto. Não precisa de muito mais que isso, e ela sabe. Classe.

Pijama Listrado
Há dois anos e meio, seu coração pertence ao carioca Rodrigo Calazans, também modelo. “Melhor pessoa do mundo, achei meu anjo”, desmancha-se. É seu terceiro namoro, todos eles longos. “Sou muito intensa, me envolvo mesmo. Não consigo ficar no superficial em nada, nem no trabalho, nem na amizade. Ou vai ou não vai.”

Ela está no melhor momento da vida. Depois de sofrer por sua impulsividade, “estourar quando não precisava”, diz que consegue descolar-se de si própria e analisar as situações de fora. O namorado, pessoa tranquila, influenciou na mudança. “Sou uma pessoa muito mais segura hoje. Falta muita coisa para eu chegar aonde quero, mas pelo menos estou a caminho. Se eu não conseguir algo, e isso às vezes acontece, estou em paz comigo mesma, estou bem e feliz.” Do futuro, Guisela já sabe o que quer: vai terminar a carreira perto dos 29 anos, casar, ter dois filhos e adotar um. Pensa em abrir uma clínica de estética ou uma academia.

A top chegou de Nova York numa sexta, posou durante seis horas para o ensaio da Trip no sábado e ainda participou de um desfile depois. Já se acostumou com as viagens, tornou-se à prova de jet lags, mas, confessa, está toda doída. Tem uma massagem marcada para daqui a 5 min.

– OK, Guisela, acho que é isso.
– Achei que iam me perguntar o meu filme preferido.
– E qual que é?
O menino de pijama listrado [do inglês Mark Herman, de 2008]. É a história de uma família alemã cujo pai é um general nazista. Ele trabalha num campo de concentração perto de casa. Um dia, seu filho vai até lá e fica amigo de um menino judeu. Nenhum dos dois entende direito o que está acontecendo. O filho então decide pegar um pijama listrado que, na verdade, é o uniforme dos presos para passar um dia com o amigo. Ele é confundido e acaba indo para a câmara de gás...

Guisela descreve a sinopse com a emoção que teria a mãe do garoto. Não resiste e começa a chorar. Nem tenta segurar, apenas enxuga as lágrimas com a manga da roupa. Sabe que não há nada de errado em ser verdadeira com o que sente. Classe.

Créditos

Coordenação Geral Adriana Verani Produção Flavia Fraccaroli Styling Olivia Hanssen Make&Hair Cecília Macedo (CAPA mgt) Assistentes de foto Marina Najjar e Pablo Saborido Créditos de Moda Coven, Forum Lingerie, Miz., Couture, Fili Dell’ Arte, Lupo, Calvin Klein Jeans, D’Thales para Surface to Air, Burana e Paula Velloso Agradecimentos: Felippe Guerra e Lumière Models

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