Marina Santa Helena

por Marina Santa Helena

Essa linda blogueira de 25 anos mostra suas curvas morenas e conta em texto como foi posar

Tudo começou em um grupo do Flickr criado pela Trip. A ideia era encontrar novos fotógrafos que pudessem inovar a linguagem de Trip Girl. Renata Chebel, que tem um trabalho bacana com fotos de noite, foi a primeira escolhida. De quebra, ela clicou a blogueira Marina Santa Helena, que impressionou todo mundo não só pela beleza suave, exótica, mas também pela mistura de timidez e ousadia. No texto abaixo, Marina por Marina: 

"Nasci numa noite de 1984, em Belém do Pará, filha de professora com hippie. Quando criança era uma criatura magricela, com os ossos dos joelhos aparecendo, que sempre se dava mal em qualquer tipo de esporte ou atividade física. Mamãe entrava em crise porque eu não gostava de tomar leite e me sentava em cima de um baú contando umas histórias sem fim, na tentativa de me fazer comer algo com sustança.

Gostava de videogame, 'Yellow Submarine' e da Xuxa. E por causa desta última sonhava em fugir de casa, pintar o cabelo de loiro e mudar de nome para Ana Paula, porque, afinal de contas, Marina não foi nem nunca será nome de Paquita. Todos os dias eu brigava com o tiozinho que me levava para a escola quando ele, a despeito de toda a minha criatividade infantil, falava: 'Bom dia, Marina', ao que eu respondia puta da vida: 'Já disse: é Ana Paula'.

Esses foram meus anos 80, quando bonito mesmo era ser loura dos olhos verdes e namorar o Ayrton Senna. Continuei magricela e sem graça (pelo menos eu me via assim), até minha mãe quase bater num cara na rua porque ele disparou um daqueles galanteios que só os típicos representantes da construção civil conseguem elaborar. Foi o que me despertou para o fato de que, mesmo tendo pouca idade, mesmo usando óculos e aparelho, eu chamava a atenção.

Com esses mesmos 12 anos dei meu primeiro beijo. Não foi romântico, eu não estava apaixonada e, para falar a verdade, beijei porque todas as minhas amigas já o tinham feito. Foi numa pista de patinação, o menino usava camiseta de hockey (disso jamais esquecerei) e ligou no outro dia me convidando para tomar sorvete. Mas eu era criança demais para aceitar e desliguei na cara dele.

Não se pode dizer que a minha vida amorosa começou aí porque amar mesmo eu amava ler as histórias da Coleção Vaga-lume, ouvir os Raimundos e me quebrar andando de patins. Até que apareceu uma coisa revolucionária, incrível, fantástica, chamada conexão discada. E eu me apaixonei pela internet.
Tudo aconteceu lá pelos idos de 1997, quando você só era alguém na noite adolescente se tivesse um Tamagotchi e um NICKNAME. Eu entrava no mIRC todo santo dia, conheci um monte de gente, comecei a querer sair para as festinhas proibidas. Logo todos os pretendentes do mundo estavam batendo na minha porta, ou melhor, no e-mail.

Namorei, namorei, namorei. Fugi de casa para sair, faltei à aula para ir aos IRContros, peguei o rei do baile da escola, apanhei de Havaianas, perdi o juízo e recuperei de novo, sem deixar nenhuma nota vermelha no currículo. Foram tempos divertidos.

Nesse meio-tempo decidi que queria porque queria ser modelo e comecei a fazer aqueles cursos breeegas para aprender a andar com livro na cabeça. E andei quilômetros sem chegar a lugar algum, até que os olheiros de uma agência grande foram até a cidade e me selecionaram para um daqueles megaconcursos internacionais. Com a condição de que eu emagrecesse PELO MENOS uns 5 kg.

Juro que tentei. Parei de comer carne, massas, pão. Comecei a correr e fazer drenagem linfática. Mas, veja bem, eu tinha 16 anos e, além do peso, comecei a perder minha alegria de viver. Quando cheguei aos 45 kg, vi que a coisa estava ficando feia e mandei um belo de um dedo do meio para a dona agência. Encarnei a Martha Rocha e voltei a ser feliz (e gorda para modelar).

Entrei na universidade e a cidade ficou pequena demais para mim. Como 1 milhão de outros brasileiros, já namorava São Paulo há tempos e vivia sonhando em morar aqui. Vim muitas vezes antes de mudar de fato, viagens de muitas compras e noites intermináveis no Gloria e na Lôca. Até que me apaixonei perdidamente por um paulistano, com quem me casei e vivo até hoje.

O convite para posar para a Trip chegou a partir da Renata, que fez as fotos. Não sei se nos conhecemos dos Bares Secretos da vida ou da internet, mas já acompanho e admiro seu trabalho há tempos. Quando ela me chamou, pediu algumas referências de imagens, para ver se tínhamos gostos em comum, e logo percebi que fazer as fotos ia ser uma delícia.

O tema das fotos foi uma coisa muito comum nas nossas vidas: a volta para casa no dia seguinte. Você se monta para ir a uma balada e volta de manhã, se desfazendo, querendo um chazinho e cama. Acho que a escolha do conceito, o fato de eu gostar muito de fazer fotos, além da equipe foda que incluiu a Mai e a Ju, me deixou super à vontade durante o ensaio. Espero que gostem do resultado.


Marina"

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Produção Maihara Marjorie / Maquiagem Ju Muñoz, da ABÁ

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